A vez que Estelle salva e assusta um sátiro

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Desde que a guerra contra Gaia havia terminado, cerca de 17 anos atrás (1 ano antes de Estelle nascer) a quantidade de mortais que nasciam capazes de ver através da névoa aumentava a cada ano, muito embora a maioria ainda fosse afetada pela névoa da mesma forma que um semideus seria, enquanto poucos nasciam totalmente imunes (tipo Estelle, Rachel e Sally). Hecate dizia que era a consequência de o mundo quase acabar duas vezes seguidas em um pouco espaço de tempo.

Mas algo havia mudado no verão entre o Primeiro ano de Ensino Médio de Estelle e o Segundo: alguns mortais ao redor de semideuses e deuses recém ascendidos (Percy e Annabeth) que antes não conseguiam ver através da névoa começaram a ser menos afetados. Paul Blófis, o pai da Estelle, e os pais dele, Julie e Anthony, agora conseguiam ver algumas coisas, com Tyson, Blackjack, Sra. O'Leary, Sátiros e ninfas. Eles não eram os únicos, a família de Annabeth havia relatado a mesma coisa, assim como as famílias dos outros semideuses.

Desta forma, apesar de Percy garantir que os deuses cumpram sua promessa de reclamar os filhos quando eles tiverem 12 anos, sátiros foram enviados para as escolas de Ensino Médio também, para achar essas pessoas, explicar sobre o que estava acontecendo e tentar impedir que surtassem.

Então no primeiro dia de aula de seu segundo ano do Ensino Médio, Estelle estava decidida a encontrar o sátiro de sua escola e fazer amizade com ele (Grover tinha contado para ela quem era e o como ele era, depois que ela insistiu bastante), além de é claro, colocá-lo sobre sua proteção para que nenhum bully zombe dele pelo "problema nas pernas".

Não que Estelle fosse especialmente popular, mas ela era filha de um dos professores, então ninguém mexia com ela e com seus amigos, e depois do ano anterior quando os sete da última grande profecia (tirando seu irmão e sua cunhada), que tinham se tornado famosos no mundo mortal, foram busca-la na escola, todos queriam ficar em suas boas graças (algo que ela achava extremamente irritante e falso).

De qualquer forma, ela entrou na escola com uma missão: achar o sátiro.

Boa notícia: ela o achou rapidamente.

Má notícia: ele estava em apuros.

O rapaz de aparentemente 16 anos (mas que Estelle sabia ter 32), pele escura e cabelos encaracolados estava sendo cercado por dois caras do time de futebol americano que riam. Suas muletas estavam jogadas no chão, suas costas estavam apoiadas nos escaninhos.

O sangue dela ferveu. Ela podia não ser uma semideusa com poderes especiais, mas seu irmão ainda a tinha treinado em autodefesa e combate, então ela avançou e puxou os dois valentões para trás, se posicionando entre eles.

- Por que vocês não mexem com alguém do seu tamanho? – ela perguntou, com as mãos na cintura.

Jared e Glen (ou pelo menos ela acha que são estes os nomes) recuam um pouco mas não muito.

- E que você vai fazer sobre isso, Blófis? – Jared desdenhou.

- Oh, eu poderia fazer muitas coisas. Eu poderia chutá-los na parte que doí mais com tanta força que iria fazê-los cantar com voz de soprano por uma semana. Eu poderia chamar um professor. Eu poderia chamar a polícia, bullying é um crime que pode dar prisão, afinal de contas, e conheço pessoas influentes o suficiente para garantir que vocês peguem a pena máxima e arruinar qualquer chance de conseguirem um emprego decente. – os dois empalideceram quando ela disse isso- Ou vocês dois podem picar a mula e nunca mais incomodar o Steve.

Ela podia sentir a surpresa do sátiro por ela saber o nome dele, mas continuou encarando os dois idiotas até que eles realmente picaram a mula.

Só então ela se virou para o garoto-bode, que a olhava de olhos arregalados e com certa suspeita.

- Você está bem? – Estelle perguntou

Ao invés de responder, ele gaguejou:

- Q-Quem é você? C-Como sabe meu nome?

Estelle sorriu para ele, esperando tranquiliza-lo.

- Meu nome é Estelle e eu sei seu nome porque Grover me disse que você viria para esta escola.

Isso fez os olhos do sátiro se arregalarem ainda mais.

- Você o conhece? – ele perguntou, ansiosamente.

Estelle achou que ou ele estava prestes a ter uma ataque do coração, não que sátiros pudessem ter isso, ou ele começaria a agir como um fanboy a qualquer momento.

- Grover é o melhor amigo do meu irmão – ela explicou – Meu irmão é Percy Jackson, aliás.

O pobre sátiro parecia que ia desmaiar. Os mortais ao redor, que tinham começado a prestar atenção na cena quando Estelle interrompeu os bullys, ficaram se perguntando o porquê de tal reação.

- Me perdoe por ter sido rude senhorita – ele disse – não sabia que era irmã do lorde Perseu.

Estelle revirou os olhos.

- Não sei em que planeta você foi rude. Sua reação foi completamente justificável e, por favor, me chame pelo meu nome. Eu pedi para Grover me dizer qual de vocês viria para essa escola para eu poder ficar amiga e ajudar, não para ser chamada de senhorita.

- Uhnn... Certo – o sátiro não parecia convencido, então ele só concordou.

Estelle sorriu para ele, sabendo que ele não acreditava nela, mas as emoções que ela estava sentindo e que ele podia perceber deviam ser capazes de convencê-lo.

- A aula deve começar daqui a pouco – ela disse – qual é o seu primeiro horário?

- Matemática – Steve respondeu

- A minha também – falou Estelle – Ugh. Odeio essa matéria. Vamos lá, depois vou te apresentar para meus amigos.

E começou a puxá-lo para a sala de aula.

Quantos aos mortais ao redor, eles não entenderam nada da conversa, apenas que, aparentemente, o cara que tinha ido buscar Estelle no começo do ano anterior usando camisa havaiana (Estelle sabia que a camisa não tinha sido escolha própria, Percy tinha perdido uma aposta com Leia e teve que se vestir igual ao pai durante um mês) era um lorde.

Eles também estranharam quando Estelle disse "qual de vocês viria para essa escola", e a reação dele para ela dizer que conhecia um tal de Grover também foi bem esquisita.

Alguns deles se lembraram que o David Wilkes, o técnico da equipe de natação e professor de Educação Física, tinha sido colega do irmão de Estelle durante a escola. Talvez ele pudesse esclarecer algo sobre o que tinham ouvido.  

Assustando os mortais 2Onde histórias criam vida. Descubra agora