3 - Resposta a dor

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— Como ousa arranjar um casamento para meu escudeiro? — Seokjin abriu a porta do escritório de Yoongi com força. Ele não estava só e ergueu o olhar descontente. — Saiam!

— O assunto que deseja tratar pode esperar, vossa majestade. — Yoongi disse.

— Eu mandei sair. — Seokjin falou alto para as pessoas que se ergueram rápido e saíram resmungando. — Por que fez isso?

— Foi uma boa proposta e seu fiel escudeiro ainda não aceitou.

— Ele com certeza quer aceitar e se ele aceitar, você pode dar adeus a esse seu ideal de paz que trouxe com minha presença, Yoongi. Eu fui complacente com tantas coisas, seu povo até confia mais em sua mentirosa postura de bondoso por

minha causa, pois sou eu que vou até eles, pois sinto falta de meu povo, mas se Jeon Jungkook aceitar esse casamento, eu acabo com isso.

— Esperava várias reações suas, mas essa me surpreendeu. — Yoongi pegou um charuto e acendeu. — Jeon Jungkook é um ótimo líder, você teve sorte. Eu sabia que você o amava, mas não sabia que era tão difícil esconder esse amor.

— Não importa que acha, Yoongi. Anule essa proposta. Eu sou um rei como você e sei muito bem como a gente gosta de ter controle, de ter as pessoas, mas Jeon Jungkook é meu, não seu. — Seokjin bateu as mãos na mesa. — Não pode tirar ele de mim, pois se fizer isso, tirarei Taehyung de você.

Pah! Foi um barulho fino, mas forte e ardido. Fazia anos que não recebia um tapa. Seokjin levou as mãos na bochecha, sentindo o ardor na região.

— Meu filho não é pauta de ameaça, Seokjin. — Yoongi nunca achou que bateria no rosto de um ômega, mas havia perdido a razão ao achar que perderia o último resquício do amor de sua vida. Não perderia. — Desculpe, eu não quis fazer isso...

Seokjin abaixou as mãos do rosto e pegou um livro grosso que estava em cima da mesa. Antigamente sentia pavor do ex marido, achava que iria morrer a qualquer momento, não entendia como funcionava seu poder como rei, haviam tomado tudo de si, mas agora ele não se importou em revidar. O livro grosso bateu direto na bochecha de Yoongi com força, a lateral inteira do seu rosto ficou vermelha.

— Me bata novamente, e eu coloco veneno na sua comida. — Seokjin disse, erguendo o dedo na cara de Yoongi. — Anule a proposta, não irei dizer novamente.

Jimin estava parado no corredor olhando pela janela, pensando na última carta de Namjoon quando ouviu o baque perto de si, Seokjin havia caído no chão de fraqueza. Ele se apoiava com as próprias mãos, mas não tinha forças, pois aquele tapa havia lhe trazido as piores lembranças à tona.

— Jin, meu Deus. O que foi isso em seu rosto? — Jimin o segurava com dificuldade, analisando a lateral do rosto vermelha. — Ele te bateu.

— Me tire daqui. Eu não gosto daqui, Jimin. Eu não gosto desse lugar. Eu quero minha casa. Eu quero tirar essa coisa estranha de mim. Essa solidão estranha....— Seokjin chorava no meio do corredor.— Ele me bateu hoje, vai me bater de novo. Eu não quero apanhar, Jimin.

Yoongi se culpava por perder o controle, aquele controle absoluto que tinha ou achava que tinha. Se Hoseok visse, teria vergonha, o odiaria. Mas ele estava cada dia mais se afundando na tristeza, nem mesmo a presença inocente e feliz de Taehyung lhe trazia ânimo para viver, mas mesmo apenas Taehyung lhe mantinha vivo. Não esperava que Seokjin o perdoasse, visto que nunca se perdoaria por ter feito o que fez.

Não tinha no que colocar culpa. Era sua única culpa. Deveria se colocar em seu lugar de solidão. Deveria aceitar que estava com um pé na cova e outro na vida. Yoongi acreditava que não seria o primeiro rei a surtar e se matar.

A história Solitária de um rei  | JINKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora