capítulo dois: Quem é ele?

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Sinto minhas pálpebras tremerem antes que eu abra meus olhos por completo. Escuto de fundo uma gritaria enorme, me deixando um pouco desnorteado.

Me levanto com calma, sentindo minha mão arder e meu corpo reclamar de dor. Vou até o banheiro e tomo um banho rápido, concluo minha higiene pessoal e visto uma camisa de botão branca, e uma calça jeans. Saio do quarto indo até a cozinha, que é de onde vem o barulho.

Ao chegar na cozinha, assim que boto meus pés no lugar, todos os olhos pousam em mim. O silêncio reina enquanto eu coço meu olho que não está coberto pela franja e vou até o fogão. Todos me observam cozinhar, até que um cara com uma pequena cicatriz no rosto e cabelos pretos vem até mim com olhos pidões.

— moço! — Ele quase grita, jogando os braços em volta de mim, sinto meu corpo ficar tenso, mas tento não demonstrar. — Faz um rango pra mim por favoooor!

Ele choraminga, os braços me apertando cada vez mais, antes que eu possa responder, duas mãos o afastam de mim e me puxam ligeiramente para trás.

— Luffy, não o toque assim. — A voz de Zoro ressoa pelo recinto, Luffy se afasta um pouco, ainda sorridente. — Sanji, este é o meu chefe, Luffy. Capitão, este é o Sanji.

— É um prazer rapá! — Ele me abraça, mas logo me solta quando leva um cascudo de Zoro. — Nhaaaa, pra que isso?

Todos riem, eu acabo relaxando. Luffy parece gente boa. Não sei, ele me passa a sensação de que posso confiar nele. Esquisito...

— Sanji não é obrigado a cozinhar pra ti, aprende a se virar idiota. — Zoro resmunga, Luffy faz uma carinha tristonha, o que é o suficiente para me convencer.

O dever de um cozinheiro é alimentar a quem tem fome, afinal.

— Não tem problema, eu gostaria de cozinhar para vocês! — Luffy se animada rapidamente, Zoro me observa, mas logo dá de ombros e se senta em um banquinho no balcão.

Luffy fica ao meu redor enquanto cozinho, confesso que me irritei e o chutei algumas vezes, logo me arrependendo em seguida. Mas ninguém ali brigou comigo por isso, então tentei ignorar o nervoso que me deu quando percebi que estava muito relaxado a ponto de agir assim. Zoro não tirou os olhos de mim o tempo todo, sempre me observando.

Termino de fazer o café da manhã, por já ter prática na cozinha, eu geralmente sou bem rápido na hora do preparo. Vou colocando as comidas na mesa, vendo as expressões animadas com a vista da minha comida.

Logo todos estão atacando os pratos,  eu somente vou até a pia e começo a lavar os utensílios que sujei. Zoro vem me ajudar, enxugando tudo. Após terminar a louça, ele pega minha mão e me empurra para a mesa.

Engulo em seco e pego um pouco de comida, o vendo pegar um prato cheio de oniguiris e uma garrafa de saquê. Estranho aquela combinação, ele bebe logo cedo?

Dou algumas mordidas na salada de frutas que botei para mim, e logo me levanto, sem de fato ter terminado. Dou minha comida para Luffy e sigo para o meu quarto. Olho para meus braços, que ainda tem alguns machucados, respiro fundo e passo uma pomada.

Não o escutei entrar, mas logo sinto as mãos de Zoro tomando a pomada de minha mão, ele aplica suavemente, fazendo movimentos circulares para espalhar a pomada pelos machucados. Encaro meus pés, ele não devia ter visto isso.

Ele nada me diz, pegando algumas faixas e as enrolando em meu braço, logo que termina ele me puxa para a cama, seu rosto franzido em algo que não sei bem dizer o que é.

— Quem fez isso? — Sua voz está grave, ele tenta esconder qualquer sentimento que não seja preocupação, mas dá para ver o quão furioso ele está.

Espadachim e o CozinheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora