Capitulo Onze

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O casal voltava para casa em silêncio, nenhuma palavra havia sido dita o percurso inteiro e a garota não sabia se aquilo era um bom sinal.
Olhava de soslaio para o banco do lado e o homem trajava uma blusa social preta e calça jeans de lavagem escura um pouco rasgada nos joelhos e digitava algo rapidamente em seu celular. A testa com um vinco, estava bravo.

Ao chegarem à casa, antes de descer do carro, Min ordenou que o motorista e Enrico saíssem do veículo, e então ficaram sozinhos, e S/N sentiu o medo tomar conta do pequeno espaço.

- Quando sair do carro, não fale com ninguém, não olhe para ninguém, suba para o quarto e me espere lá. (sibilou aproximando o dedo no rosto da garota) Vamos conversar depois, agora eu preciso resolver algo.

A menina nada disse, apenas fez o que lhe foi ordenado, não estava afim de piorar a situação em que tinha se enfiado.
Passou pela grande sala e viu Maria, essa que lhe olhou com pena e S/N engoliu em seco, queria sair correndo dali, pedir ajuda, mas não podia.
Subiu para o quarto do casal e trancou a porta, olhando pela janela em seguida, mas se arrependeu no mesmo instante.

Min Yoongi estava furioso.
Ele gritava e dava socos e ponta pés em Leonardo e Matias, com ajuda de Enrico.
Eles estavam sendo punidos.
Punidos por culpa dela.
A menina levou a mão à boca quando Enrico abriu a porta do carro e trouxe consigo um objeto que a garota odiava, uma arma.

- Seus idiotas! Se deixaram enganar por uma pirralha?! (Yoongi gritava e com o cano da arma deu uma coronhada nos seguranças, que caíram cuspindo sangue no chão)

Ele é louco! (Pensou a garota)

Min não parou por ali e antes de se ouvir os disparos, o homem olhou para a janela do quarto, para onde sabia que a garota estava, e sorriu para ela.
Ele queria que ela visse que todas as vezes que ela fosse desobediente, alguém pagaria o preço.

A garota, com olhos arregalados e marejados, a mão ainda sobre a boca, assustada, estava completamente assustada, viu quando o homem  entrou na casa e correu até a porta, para ter certeza de que a mesma estava trancada.

- Docinho, abra a porta. (duas batidas foram ouvidas e a voz rouca do homem)

- Yoongi, me desculpe. (falou chorosa, já estava sentada no chão com as costas escorada na porta) Não vou abrir.

- Eu prometo que só vamos conversar.

Um silencio se fez presente, de um lado a garota pesava os prós e contras de abrir a porta, do outro lado o homem estava nervoso mas tentava parar a tremedeira em suas mãos, não podia perder a paciência mais uma vez com ela. Da última vez ele se sentiu péssimo ao vê-la com medo dele.

- Vamos lá, S/N, abra... por favor... (falou cauteloso e mais um pouco de silêncio, até que ouviu o barulho da chave e a porta ser aberta)

Ao entrar no quarto Yoongi a viu toda encolhida na cama, o olhando com os olhos marejados e assustados e o homem sentiu a raiva sumir de seu corpo.
Havia ouvido muito falar da garota, da fama de marrenta e dona de si, sem medo de quebrar regras e andando para cima e para baixo, por bairros perigosos... e agora ali estava a mesma garota, o cabelo bagunçado com alguns fios grudados no rosto devido as lágrimas que caiam no mesmo, o peito que subia e descia de forma rápida graças a respiração acelerada, e os olhos que geralmente eram sempre carregados de fúria e rebeldia agora o miravam com um misto de medo e tristeza.

Aquela feição não fazia o tipo da garota.
A deixava indefesa.
Porém ainda sim, linda.
E Yoongi sentiu vontade de abraçá-la.
Mas não poderia, então o máximo que fez foi andar a passos lentos até a beira da cama para não assustá-la ainda mais.

- O que você vai fazer comigo? (ela perguntou baixinho e o homem quis ainda mais trazê-la para perto de si)

- Apenas quero que me diga uma coisa e me prometa outra, tudo bem? (ele tentava manter a voz o mais branda possível e pareceu dar certo, já que ela balançou a cabeça em confirmação e secou um pouco o rosto) O que Park disse a você?

- Apenas conversamos sobre a cidade, eu queria um drink e ele me ajudou a pedir em italiano.

- Só isso?

- Sim, só isso, eu juro. (falava rápido)

- Tudo bem, mas quero que me prometa que não fará mais isso, S/N. Promete?

- Eu prometo. Mas porquê tudo isso?

- Park não é confiável, e eu também te prometo que te contarei porquê os seguranças com você. (falou sério para ela e a viu o olhar com desconfiança) Eu vou dormir no outro quarto a partir de hoje, boa noite.

O homem já estava caminhando para a porta quando a menina decidiu fazer mais uma pergunta:

- Yoongi...

- Uh?

- Por que você é assim?

Aquela pergunta o pegou desprevenido.

- Assim como? (Voltou seu olhar para a garota)

- Bipolar. (Ela falou e rolou os olhos e Yoongi quis rir, pois aquela sim era a verdadeira S/N)

- Talvez um dia eu te conte, signora Min. Buona notte. (falou sorrindo e saiu do cômodo)

Naquela noite S/N tinha certeza de três coisas: Park Jimin e Min Yoongi tinham alguma rixa entre eles.
De que alguma coisa estava errada e a vida dela estava correndo perigo ali ao lado de Yoongi.
Mas de alguma forma, por algum motivo desconhecido, ela queria ficar ainda mais ali e entendê-lo.

Enquanto isso no quarto do outro lado do corredor, em frente ao quarto da garota, Min Yoongi tentava entender o que se passava em seu corpo.
Todo ele gritava pedindo para que voltasse para o outro quarto e abraçasse S/N. Queria que ela não tivesse medo dele, pois aquele olhar que ela lhe lançou o quebrou por dentro de uma forma que ninguém jamais havia feito.

Um acordo com o Min Onde histórias criam vida. Descubra agora