você não queria que eu sofresse?

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EUA, Presidio Of Alcatraz — 01h38min AM.
Point Of View — Bárbara Burrow

Meus olhos vagavam por toda cela escura e eu abraçava com ainda mais força o travesseiro fino em meus braços. Fechei meus olhos com força desejando que ao abri-los tudo tenha passado de um grande pesadelo e que eu desceria pra tomar café com meus pais, lhes contaria do meu terrível sonho e eles me acalmariam.

Eu só queria tê-los do meu lado.

• Flashback – Alguns dias antes •

Eu ria de forma escandalosa pondo as mãos em minha barriga enquanto meu pai contava o que fez quando tinha minha idade.

– Eu não acredito que você já fez isso!

Meu pai riu fraco assentindo.

– Eu era um adolescente louco, aí eu encontrei sua mãe. — sorri de um jeito bobo pela maneira apaixonada que ele falou aquilo – O seu vô William era mecânico na época e eu pegava os carros escondidos da oficina pra poder da algumas voltas com a sua mãe pela cidade, ela sabia que eu pegava os carros escondidos e brigava comigo por isso, — riu mexendo em um lápis em cima da minha mesa de estudos – mas no final do dia éramos só nós dois e uma cama.

Joguei a cabeça para trás rindo.

– Aí chega, não quero mais saber de como vocês dois eram tarados — falei brincalhona.

– Sua mãe era uma leoa! — sussurrou.

– Meu Deus! MAMÃE?!

Gritei rindo para que minha aparecesse ali e visse meu pai falando aquilo, ela provavelmente ficaria vermelha como um tomate e eu não perderia a chance de ver aquilo nunca.

– OH MÃE?! — sem resposta, olhei com a testa franzida pro meu pai e o mesmo me encarava confuso. – MÃE?

– Acho que ela deve esta na cozinha!

Papai se levantou indo em direção ao corredor e o segui sentindo minha barriga roncar enquanto caminhávamos em direção a cozinha.

– Mãe, é verdade que você era uma leo... MÃE!

Meu mundo desabou assim que adentrei a cozinha, senti minha respiração travar junto com o último grito que dei, meu coração estava parado e eu sentia minhas mãos tremer, meus olhos arregalados observavam minuciosamente toda aquela cena.

Eu não tinha reação.

– MEU DEUS, ANTONELLA!

Meu pai gritou desesperado indo em direção ao corpo largado no chão da cozinha enquanto seu avental branco se coloria com o tom vermelho na parte do peito.

Eu queria gritar.

Eu queria correr.

Eu queria recuperar meus movimentos e ir atrás de ajuda. Mas eu não conseguia me mover um soluço saiu da minha boca e consigo caíram-se diversas lágrimas pesadas enquanto eu ia recuperando os movimentos do meu corpo e caminhava até minha mãe.

– Mamãe? — sussurrei – Mãe, fala comigo!

Implorei me ajoelhando ao seu lado vendo meu pai chorar desesperado catando seu celular em seu bolso.

Minhas mãos tremiam e cuidadosamente peguei a cabeça da mulher que me deu a vida a pondo no meu colo, acariciei seu cabelo inclinando meus lábios umidecidos pelas lágrimas em sua testa fria.

– Você vai ficar bem, mamãe! Você vai ficar, eu sei que vai. Você não pode me deixar.

– O QUE É ISSO?

Cela 23Onde histórias criam vida. Descubra agora