05| Pessoas que se importam

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A sequência repetitiva do despertador era incessante e ecoava por todo o canto escuro do quarto, rastejando pela aflição, fazendo do medo palpável a sua própria felicidade

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A sequência repetitiva do despertador era incessante e ecoava por todo o canto escuro do quarto, rastejando pela aflição, fazendo do medo palpável a sua própria felicidade.

Desesperadamente procurei saída, eu conhecia aquele barulho como a palma de minha mão, o medo daquilo me acompanharia em todas as manhãs, das mais tranquilas às mais difíceis, assombrando a sombra das minhas memórias que toda vez em que eu abrir os olhos não estarão aqui.
Olhei por todo canto e não havia nada, nunca mais haveria nada além das lembranças dolorosas de um dia que sempre desejei esquecer.

No relógio, marcavam precisamente sete horas da manhã. Mais uma noite que me deixou cansada.

Mesmo que atordoada, levantei sentindo aquele cheiro bom de chocolate e baunilha vindo do andar de baixo, relutando com a fome fui ao banheiro com objetivo de fazer minhas higienes matinais, não seria nada agradável tomar café da manhã da forma que eu havia acordado, pois, meu rosto no espelho não era dos melhores. A feição fechada e as bochechas inchadas do sono não me deixavam nem um pouco jeitosa.

Com um pouco mais de consciência, lavei meu rosto na água fria, limpando-me de todas as merdas quebradas que eu queria esconder, depois escovei meus dentes e ajeitei o cabelo sem prendê-lo, apenas para ser apresentável. Não que essa fosse a coisa mais importante, mas sempre senti que lidar com coisas fúteis distraem as coisas dolorosas.
Então pensando na minha aparência, escolhi uma roupa que julguei ser boa para um primeiro dia, uma que causaria uma impressão apática na maioria das pessoas.
Após me vestir, voltei ao espelho do banheiro para conferir me preocupando em o que sentiriam ao olhar para mim.

— Você consegue, mi. Você é foda, você é especial, você pode fazer isso, garota — Sabia que aquelas palavras eram mentiras, mas, no fundo algo em mim decidia acreditar serem verdades. — É só o primeiro dia.

Palpitações no peito podiam não ser infarto, e primeiros dias podiam não ser sempre ruins. Acreditar nisso não era difícil, apenas complicado...

Terminei de me arrumar passando nada mais que um perfume e depois me retirei do quarto, seguindo aquele cheiro doce incrível que meu paladar aprovava fielmente.

— Bom dia, querida. Você acordou bem a tempo!

A voz doce da Meg preencheu meus ouvidos quando eu passei pela cozinha.

— Bom dia, Meg. Pois é, acabei ficando ansiosa pra comer dos seus brownies.

— Hora, sente-se então, menina. Estavam esfriando a sua espera. — foi ela dizer e os brownies preencheram minha visão.

Procurei por seu marido pela cozinha, e ele não estava por lá. Pais de família tomavam café da manhã com suas esposas e filhos por aqui?

— George ainda está dormindo?

— Ah não, ele saiu a pouco tempo. Meu marido gosta de caminhar pela manhã com o Half. — Abriu a geladeira de duas portas — Aquele cachorro tem tanta energia.

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