13| Você é uma sombra

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Parei a moto próxima a entrada do estabelecimento duvidoso a duas quadras do cemitério em que passei a noite

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Parei a moto próxima a entrada do estabelecimento duvidoso a duas quadras do cemitério em que passei a noite.
Eu deveria ter dormido, deveria mesmo, mas acho que foi toda a adrenalina no meu corpo que não me deixou descansar ou então era todos os pesadelos que venho tendo desde o primeiro dia de aula.

Desde o maldito dia em que ela esteve lá, sentada na mesa junto com todas as memórias que já tive naquela porra de casa.

Eu nunca entenderia os diferentes jeitos que as pessoas têm de lidar com luto, fazem dois anos.

Dois anos, caralho.

Eu não conseguia entender, como não poderia doer neles do mesmo jeito que dói em mim.
Entretanto, aqui estava eu, em um estabelecimento qualquer, comprando o último refrigerante da prateleira para ir almoçar com eles depois de uma noite sem dormir.

Eram pouco menos que cinco da manhã quando Maggie me ligou, convidando-me para o almoço de domingo, ela sempre acordou cedo e nisso sempre fomos diferente, até aquela maldita noite. A noite que assombrou-me por meses, noite que levou um pedaço de mim e custou mais caro do que qualquer um possa ver.

Eu não negaria o convite, afinal, era diferente agora, a casa deles já não estava mais tomada por um fantasma obscuro, mas sim por uma garota prepotente, e sei que provavelmente todos que sofreram com a tragédia consideram ela como uma correção de todos os erros que cometemos com ele.

Todos temos nossa culpa, algumas mais pesadas que as outras, mas todos temos.

O refrigerante de uva não era lá o meu favorito, na verdade, eu odiava.
Era o sabor mais doce e enjoativo que se vendiam, porém, era o último na prateleira.

Peguei-o levando ao caixa para pagar e fui atendido por uma garota de cabelos cor carvão, lábios carnudos e nariz bem arrebitado.
Ela sorriu pra mim, seus olhos se encolhendo através da maquiagem preta nos tais.

Mesmo que ela estivesse insinuando alguma coisa além e eu estivesse a dias sem uma transa decente, não estava nem um pouco interessado.

Apenas abri minha carteira, sacando meus últimos 5 dólares e algumas pratas de dentro, lhe entregando.

Seu sorriso morreu quando viu minha carteira e o meu se repuxou de escárnio. Idiota.

Mal ela sabia quem era meu pai.

Depois de pagar, um refrigerante e um chiclete de menta voltei para minha moto me apressando para não chegar atrasado.

Eu sei que deveria tomar um banho, mas esperava que Dayse estivesse em casa com alguma companhia e eu não queria atrapalhar sua própria fase do luto.

É estranho pensar que todas as pessoas ao meu redor parecem estar superando, mas eu não.
Às vezes eu até chego a me perguntar se um dia vai doer menos ou se simplesmente vou acordar em uma manhã e sentir que estou esquecendo.

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