11| Se divertir e não resistir

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Passei todo o caminho observando a cidade se distanciar pela janela até que uma fina vegetação começasse a surgir em uma pequena estrada

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Passei todo o caminho observando a cidade se distanciar pela janela até que uma fina vegetação começasse a surgir em uma pequena estrada.
Não demorou mais que vinte minutos quando chegamos em um lugar que mais parecia uma oficina daqueles programas de carro da History que o meu pai gostava de assistir aos sábados.
De fato, era uma oficina, com inúmeros carros, ou o que restava deles, espalhados e empilhados por todo o lugar do pátio.

George e eu fomos recebidos por um homem barrigudo, cuja barba prateada chegava a bater na clavícula, seu sorriso, estampado no rosto sujo de graxa, passava a mensagem de uma saudade amigável.

— Rufos! Quanto tempo cara! — George levantou a mão encontrando a do homem em um high-five.

— Nem me fale! Quanto tempo faz? Dois anos?! — as mãos do homem encontraram a sua barba grisalha.

— Um pouco mais. — George então olhou para trás, na minha direção. — Milenna, este é Rufos, esse cara conserta carros desde a época que eu comprei o meu primeiro garotão.

— Milenna? — Os olhos do barbudo se comprimindo numa linha reta deixando as suas rugas da idade mais marcadas — Não me lembro dela.

— É minha filha. — E a confusão em sua cara se tornou surpresa. — Quero dizer, por um ano.

Filha. Palavra dita por George ali com tanto orgulho, não me parecia mais um peso nas costas.

— Adoção? — Agora seus olhos só expressavam a mais pura pena que eu só reconheci por já ter visto esse mesmo olhar em várias pessoas.

— Intercâmbio. — George expressou mais um dos seus melhores sorrisos ao homem, nunca deixando de se mostrar realizado.

— É mesmo? E de onde essa mocinha vem?

— Do Brasil. — fui eu quem respondi como uma criança respondendo sua idade e observei atentamente qualquer reação que o careca apresentasse, me surpreendendo quando seus olhos ficaram desfocados.

— Mas que irônico.

— Rufos... — George começou repreendendo o mecânico. — Você... Ele está aqui?

Me perguntei a quem ele se referia, já estava farta de pessoas surpresas, por mais legais que algumas fossem, pessoas davam trabalho para se lidar.
Observei Rufos assentir tristemente e nos chamarmos para segui-lo.

— Achei que nunca mais voltaria a mexer nesse carro. — Disse Rufos, passando por entre as sucatas.
Então não era uma pessoa, era um carro.

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