Capítulo 12

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Fazia 2 dias que a senhora Chou não aparecia na escola.

Sana não queria dizer que estava preocupada, mas estava. Tzuyu nunca havia faltado desde que começou a dar aulas para sua turma, mas o restante da escola não parecia preocupada. A diretora Jihyo se limitou a um pequeno recado, de modo muito frio, de que a senhora Chou não comparecia na escola. Nem Sana e nem ninguém sabiam quando iria voltar. Ao ser questionada, a senhora Park simplesmente deu as costas e saiu.

- Por que você está tão preocupada?

Sana ergueu seus olhos para Momo, que reclamava enquanto desfrutava de um pedaço de frango. Nayeon estava dormindo na mesa do refeitório, escutando música nos fones tão alto que todos podiam ouvir junto com ela.

- Eu não estou preocupada, é só que-

- Ruiva temos paz! Não é maravilhoso?

Sana mordeu os lábios. Ela não sabia porque, mas não sentia que estava tudo bem por a senhora Tzuyu ter faltado ao trabalho. E algo no jeito que a senhora Jihyo evitava tocar no assunto lhe dizia que era sério.

- Vocês realmente não acham estranho? É só que... Ah, não sei! Mas é estranho, por favor, tentem entender.

- O que nós entendemos é que agora temos paz e não temos que nos preocupar com tanto abuso de poder de uma única parte da escola. Qual é, aproveite um pouco isso.

Sana se afundou na cadeira e ficou em silêncio. Ela não queria e não podia julgar suas amigas e seus outros colegas de classe. Tzuyu não era uma boa pessoa para eles e nem para sua reputação na escola, mas sua cabeça estava um caos.

Ela ainda pensava no toque da mão dela sob o seu braço, no jeito carinhoso que a professora lhe encarava. Mas não! Era loucura! Estava falando de uma educadora, não podia estar com a mente tão acelerada por isso. Pensava que poderia ser mais feliz se Tzuyu sumisse e lhe deixasse ter uma boa vida acadêmica em paz, mas agora que, indiretamente havia conseguido, se sentia desnorteada.

A verdade é que Sana não sabia se poderia odiar a senhora Chou com tanto fervor por ter, em partes, destruído sua vida. Ela não tinha culpa de tanto favoritismo, e culpava a senhora Jihyo por não ter tomado medidas cabíveis em relação a sua melhor amiga quando Sana denunciou o comportamento de Lisa em sala de aula. Aquilo só pareceu aumentar o ódio sob si. Os alunos a culpavam por não ter conseguido que a diretora da escola agisse como adulta e tomasse decisões corretas, ao invés de proteger sua amiga. E como sempre, Sana foi quem pagou por isso.

Ela suspirou. Tudo seria diferente se Tzuyu agisse como um ser humano. A turma poderia fazer atividades de cunho acadêmico fora dos muros da escola. Era decepcionante ver os passeios que outras turmas faziam enquanto a sua ficava presa com Tzuyu em sala de aula durante todo o tempo. Seria pura hipocrisia pedir compreensão.

Mas Sana também não sabia o que sentia. Ela só tinha 17 anos e faria 18 em alguns meses. Tinha toda uma pressa com notas escolares e para seguir uma carreira que lhe desse dinheiro, os pais esperavam isso dela, a irmã esperava isso dela. Com toda essa situação de Tzuyu, sua cabeça só parecia mais vulnerável e passível de outra crise nervosa.

Ela não queria chegar lá por ter perdido aquilo que a fez conhecer o inferno.

**

No dia seguinte, Sana pediu licença ao professor substituto de física e saiu da sala para ir ao banheiro. Momo e Nayeon já haviam notado o comportamento estranho da amiga, mas queriam dar um tempo para que ela falasse, mesmo estando preocupadas.

Andando pelos corredores, Sana ainda pensava na situação que levou Tzuyu a se ausentar por, agora, três dias. Era impossível não pensar. Toda a escola comentava sobre isso, fofocas sobre o Diabo de Dior ter se metido em problemas com o governo ou ter sido deportada para Taiwan. As más línguas até mesmo diziam que ela havia pedido demissão.

Sana não acreditava em nenhuma delas. Achava impossível que qualquer coisa do tipo acontecesse com Tzuyu, mas ela não era ninguém para julgar os pensamentos de seus colegas. Tzuyu tinha mais inimigos dentro do que fora.

Ela ouviu passos no corredor e levantou a cabeça, dando de cara com a senhora Jihyo vindo na direção contrária. Como sempre, estava muito bem arrumada e elegante. Carregava pastas na mão e sua bolsa Prada na outra. Os olhos castanhos de Jihyo encontraram os de Sana e ela parou por um momento, a encarando de forma intimidadora.

Sana respirou fundo. Suas mãos formigavam e suas pernas eram gelatina. Ela nunca tinha recebido um olhar tão frio em sua vida, mas estava decidida a tirar a história do que acontecia a limpo. Não era uma pessoa de confrontos, então, quando viu Jihyo desviar o olhar e voltar a caminhar para seu escritório, ela fechou os olhos e contou até três.

- Senhora Jihyo?

Jihyo parou perto da porta de sua sala e virou a cabeça para a menina caminhando em direção a ela. Ergueu as sobrancelhas, se virando e a encarando de frente. A ruiva mordeu os lábios.

- Sim, senhorita Minatozaki?

Sana mordeu os lábios, estremecendo com a voz fria da diretora, mas respirou fundo e a encarou.

- Pode me dizer se há algo errado com a senhora Chou?

Diferente de Sana, Jihyo se manteve muito neutra e sua feição não se alterou.

- Não.

A mais nova segurou o braço da diretora quando ela colocou a mão na fechadura. Os olhos de Jihyo passearam desde a mão em seu pulso até os olhos de Sana e a menina gaguejou momentaneamente.

- Pode me dizer o que significa isso, senhorita Sana?

- A senhora precisa me dar uma explicação. Por favor!

- Não preciso fazer nada, senhorita Minatozaki. A figura da autoridade desta escola ainda sou eu.

- Então que tivesse agido assim quando precisei de ajuda na primeira vez, se era tão importante assim para a senhora.

Jihyo ficou em silêncio, olhando profundamente para Sana. Por fim, cruzou os braços.

- Tzuyu simplesmente não está disponível.

- Isso não é algo que a senhora Chou faria e nós duas sabemos disso, senhora Jihyo.

- Eu sei o que Tzuyu faria, você não sabe.

- Então me explique!

Jihyo passou a mão pelo cabelo e bufou. Era por isso que ninguém suportava adolescentes.

- Olhe Minatozaki, Tzuyu está passando por alguns processos lentos em sua vida e desistências fazem parte dela. Sua turma ou sua performance acadêmica não serão prejudicadas de forma alguma. Em algum momento, Tzuyu retornará. Por enquanto, ela mesma selecionou substitutos que confia para que o aprendizado continue no ritmo que ela estabeleceu. Está bom para senhorita ou deseja ver os arquivos de nascimento dela também?

Aquilo deixou Sana em alerta e ela arregalou os olhos, sua boca formando um 'O' perfeito. Jihyo observou sua reação e se virou para abrir sua porta, mas foi parada pela mão da menina em seu pulso novamente. Contou até três mentalmente.

- Ela não pode fazer isso! A senhora Chou não é de desistir!

Vendo o desespero da garota, um leve pensamento passou pela mente de Jihyo e ela resolveu baixar a guarda um pouco. Olhou fundo nos olhos abalados de Sana.

- As vezes, desistir é continuar lutando, senhorita Minatozaki. Mas lutar por si e não pelos outros. Em algum momento, você vai entender.

E dizendo isso, soltou seu pulso da mão fina de Sana e entrou em seu escritório.

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