Ayvah
—Queime!_ a ordem me roubou apenas um respirar suave e uma piscada lenta. O calor formigou meu corpo enquanto assistia um velho amigo ser queimado.
Chamas dançaram no ar, enquanto a onda de calor se espalhava ao redor e desaparecia, deixando apenas as gramíneas entre as rochas no prado, queimando em meio as cinzas do corpo. O vento soprou lançando meus cabelos contra o rosto e apenas engoli a saliva que se acumulava em minha boca seca. Essa já era a segunda perda no esquadrão em menos de um ano. E definitivamente não queria ser a próxima.
—Não seremos! - Sansaya sussurrou firme em minha mente, e suspirei apertando as sobrancelhas.
A dragão atrás de mim podia sentir minhas inseguranças melhor que qualquer um. Ela estava enraizada ao meu ser, era parte de mim e eu dela. Cavaleiro e dragão, corpo e alma. Éramos um.
Virei-me para ir embora, sentindo o vento refrescar aquilo que o fogo aqueceu contra meu rosto. Com minhas mãos juntas atrás das costas, e a postura relativamente inabalável, caminhei pelo prado em direção ao quartel. Sansaya me seguiu em seu próprio ritmo. Cada passo pesado de suas patas tremia o chão, e o farfalhar de suas asas levava uma brisa suave. A grande sombra que passou acima de nós, e cobriu por um momento o sol cálido de uma manhã nublada, me fez apenas olhar por baixo dos cílios. Ghendal, o dragão verde, pousou no prado e seu cavaleiro desceu em um deslizar pela asas e veio em minha direção.
— La vem problemas. - murmurei pelo laço para Sansaya e ela grunhiu em desagrado.
— Nunca me acostumo com Sansaya. - Thomas veio em minha direção, avaliando meu dragão com os olhos brilhantes - Dragões brancos são raros.
— Devo me considerar uma sortuda por isso. Bom, se ela não fosse tão exigente. - O dei um fraco e falso sorriso, e Thomas parou diante de mim, acenando de forma respeitosa.
O subcomandante tinha seus cachos ruivos curtos bagunçados pelo voo, seus olhos azuis caíram nos meus por um breve momento em silêncio.
—Sinto muito pelo que aconteceu com Victor. Vocês eram uma dupla de combate e tanto. Todo esquadrão está ressentido pela perda. E Grifen se isolou.
—Não há tempo para chorar por meu amigo. E Sansaya arrancaria minha cabeça com uma única mordida se eu o fizesse. Quanto a Grifen, ele achará outro montador quando se sentir pronto.
—Cavaleiros não podem parecer fracos!- Ela resmungou, se encolhendo antes de se lançar em um impulso, o bater de suas asas fez redemoinhos de vento contra o chão, e bagunçar meus cabelos para todas as direções.
— Dragões não choram pela perda um dos outros? - resmunguei, e ela grunhiu.
— Humanos...- ela murmurou e juro que pude sentir seu revirar de olhos, enquanto eu acompanhava sua enorme silhueta serpentina e escamosa no ar. Ghendal a seguiu e Thomas o olhou brevemente por cima do ombro antes de voltar para meu rosto.
— Ele está de mal humor- ele sussurrou baixo.
— Poderia dizer o mesmo de Sansaya se ela não estivesse todos os dias. - sussurrei, enquanto seguimos caminhando pelo prado em direção ao quartel.
Suas estruturas de pedra reforçadas podiam ser vistas da distância. Levaria menos dez minutos de caminhada até lá. Enquanto isso, ouvindo nossas botas de couro amassarem as gramíneas e pedras, esperei pelo que Thomas tinha a tratar comigo, fingindo o contrário. Nenhuma expectativa, nenhuma curiosidade em meu rosto.
—Estive em reunião com Yuriel. - ele comentou me olhando finalmente pelo canto dos olhos, mencionando o nome do líder do Esquadrão de Fogo. - Ele selecionou você para ir até às escolas de cavaleiros. Temos que repor as perdas, mas não podemos selecionar qualquer um.
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Esquadrão de Fogo
FantasyDois reinos. Uma guerra travada por fogo. Uma elite de cavaleiros de dragões... Após a morte de mais um integrante do Esquadrão de Fogo, a elite de cavaleiros de dragões do reino de Asgazard fica desfalcada, enquanto o reino de Dumblyn aumenta a...