Esquadrão de Fogo

~ 4~

Eron

Olhei por cima do ombro, e sorri largo aceitando um desafio. Sansaya se misturava entre as densas nuvens mescladas de branco e cinza. Me virei para frente, me agarrando mais forte nos pomos de Astaroth.

— Vamos mostrar para elas, Astaroth!

— Não se sinta tão confiante na presença de um cavaleiro do Esquadrão de Fogo!– ele resmungou desviando abruptamente quando garras passaram a um tris de nós agarrar.

Meus olhos arregalaram enquanto eu assisti por um milésimo de segundo aquele fios loiros levantados pelo vento, a calma no olhar de quem sabia o que estava fazendo. Ayvah sorriu ao olhar para mim antes que seu dragão mudasse de curso com uma facilidade surpreendente. E então rodopiasse em vários 360°, asas encolhidas. Astaroth olhou de esgueira assim como eu.

— Ah... Eu quero trocar de cavaleiro!

— Traidor!– resmunguei e Sansaya planou abrindo as asas e as batendo, subindo mais e se lançando em um novo mergulho.

Da distância eu a vi lançar fogo sem um alvo, calor eclodiu pelo ar, enquanto não tirava meus olhos da cena. E então, cavaleiro e dragão simplesmente mergulharam para dentro das chamas e arregalei os olhos. Sentindo meus pelos arrepiarem e Astaroth tremeu. Eu esperei o que viria a seguir. Meu coração galopando no peito e minhas mãos ficaram geladas. Mas elas não atravessaram o fogo. Minha garganta oscilou enquanto eu estava atordoado.

Onde? Como? Não dava para desaparecer daquele jeito!

E bem a cima de nós, como se uma fenda no mundo tivesse sido aberta, fogo escapou, e Sansaya atravessou, garras apontadas em nossa direção. E eu não tive nem mesmo reação para aquilo.

Impossível!

Astaroth estremeceu, se encolhendo e virando, suas garras bateram contra as de Sansaya, medindo forças e me protegendo do ataque. O impacto tremeu cada um de meus ossos enquanto descíamos de costas e o dragão branco e sua cavaleira acima de nós em uma calma perturbadora.

— Nada mal!– Ayvah gritou acima do vento e dos gritos dos dragões.

Astaroth a empurrou para o lado, recuperando seu equilíbrio de voo e nos mergulhando no ar. Fortaleza de Pedra ficando cada vez mais próximo enquanto eu estava completamente fora de raciocínio.

— COMO ELA FEZ ISSO?– gritei pela ligação e Astaroth rosnou gutural concentrado em nosso voo.

— Seu tolo! Se tivesse prestado atenção nas aulas de Shandon, entenderia que há cavaleiros cujo poder se compara ao seu dragão. Faz mais de um século que não vejo um cavaleiro desse nível!

   Ergui abruptamente meus olhos quando uma sombra passou por cima de nós. O corpo branco com as costas voltadas para nós, e meus olhos se arregalaram ainda mais quando com facilidade assustadora, Ayvah se soltou da sela e caiu no ar, mergulhando em minha direção. Seu olhar estava confiante.

Virei-me para frente, instigando Astaroth a mergulhar, e ele o fez. Encarei o chão ficando perto, e esquivamos abruptamente para a esquerda. Vi pelo canto dos olhos, Ayvah continuar caindo, mergulhando cheia de confiança, e bem abaixo dela, Sansaya passou perto o bastante para sua cavaleira conseguir se agarrar a um dos pomos de sua cabeça e voltar a sela como se nada tivesse acontecido.

Ayvah se prendeu com calma e Sansaya abriu as asas, deixando o vento a arrastar de volta para cima.

— Incrível! – sussurrou pasmo e admirado com cavaleira e dragão.

— Concentre-se! Ela está nos testando e até agora estamos nos saindo bem! É hora de atacar!

Astaroth manobrou mais uma vez, alternando as asas. E me firmei na sela, pronto para o combate. Então isso não era mais apenas uma brincadeira. Passamos perto do chão, onde pude ver todos os cavaleiros no pátio apenas nos olhando atentamente, cheios de expectativas.