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Eron

Os olhos âmbar quentes foram se tornando púrpuras frios e intensos. E ali eu vi porquê a chamam de terror incandescente.

- Não sei se alguém já te disse, mas esses seus olhos quando ficam púrpuras é a coisa mais intensa e linda que já vi. - disse ofegante, sem fôlego pelo chute, ela arqueou a sobrancelha alto, me olhando com indiferença cruel.

- Tentando não morrer, Eron?

Ri grave, e ela me soltou com desdém encarnado em seu rosto e se levantou.

- Amanhã, no mesmo horário. Exatamente aqui! E eu espero que você esteja melhor do que hoje!

Ayvah se afastou caminhando sem pressa para a floresta escura.

- Não vai...- ergui meus olhos para desafia-la, mas Ayvah havia desaparecido como se nunca estivesse lá.

Astaroth estava gargalhando. Ele bateu no chão, o fazendo tremer e rolou ficando de barriga para cima.

- Essa foi a surra mais humilhante que eu já assisti!

Grunhi em desagrado, fechando minha mão em punho e lancei uma bola flamejante no dragão. Ele rosnou, sua garganta tremeu enquanto ele ficava cada vez mais sério, e me levantei, sem equilíbrio, correndo, sentindo o calor do fogo bater em minhas costas. As gramíneas frente a cabana estavam queimando e o dragão se virou em minha direção, e continuei correndo enquanto ele lançava voo para vir atrás de mim.

***

Meu sono estava perturbado. E por mais fresco que parecesse a noite eu estava suando na cama. Imagens distorcidas dançavam em minha mente, me fazendo aspirar fundo. Fios loiros escondendo o rosto delicado, seus pulsos acorrentados ao chão. Seu peito respirava com dificuldade... Eu podia sentir o cheiro de pedra, mofo e ferrugem. O som de suas respirações eram densas de mais que podia serem ouvidas com chiados. Sangue pingou de seu rosto. Marcas por todo seu corpo, como tatuagens negras de espirais, traços e runas, subiam por braços para o colo do peito, subia para o pescoço. Estavam em todo lugar. Outra gota pingou na poça e sentei abruptamente, respirando tão difícil quanto aquela imagem.

Meu coração estava batendo rápido de mais em um pico de adrenalina pulsante. Afastei o lençol, tocando meus pés no chão frio. A claridade começava a irromper pela janela semiaberta.

Perturbador. Já tive pesadelos mais assustadores, mas aquele de longe tinha sido o mais perturbador. Olhei para meu braço, aquelas marcas tinham crescido mais um pouco. Agora avançando em direção a meu bíceps, mas ainda não tinham chegado a ele. Engoli em seco, me levantando sem mais um pingo de sono sobre mim.

Vesti uma camiseta diante do pequeno espelho e estagnei ao ver a marca vermelha do estrago que ela causou em mim com aquela bola púrpura flamejante de magia pura. Queimava como fogo de verdade. Apesar de quando as minhas eram conjuradas, eu não sentia nada. Olhei para minhas mãos, meus dedos abertos e apertei as sobrancelhas.

Eu me sentia estranhamente capaz. Havia uma certeza instalada dentro de mim de minha capacidade. E não era o meu ego. Estava nas profundezas de meu ser, distante de mais, talvez além da alma. Enraizado, pulsando, expandindo. Fechei as mãos com firmeza e sai para fora.

Precisava pegar uma brisa, fugir daquela imagem que ainda atormentava minha mente. Eu só não conseguia entender porque tinha sonhado com algo tão estranho.

Astaroth passou voando acima, planando baixo.

- Ainda não te perdoei!- resmunguei pelo laço.

- Você está perturbado com aquele sonho.

- Tenho uma sensação estranha sobre ele. - digo observando o prado.

Esquadrão de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora