Esquadrão de Fogo

~ 11~

Yuriel

   Alguém bateu contra mim pela segunda vez no dia, e isso já estava me tirando a paciência. Pétalas caíram de flores e arqueio a sobrancelha. O garoto que não parecia ter mais de dezoito anos ficou pálido e curvou a cabeça, pedindo desculpas.

Seus braços estavam cheios de flores do campo e outros passaram levando mais delas. Risadas de garotas foram ouvidas, e uma bagunça no refeitório.

A noite estava prestes a cair, mas aparentemente Ayvah estava longe o bastante para não perceber a movimentação aqui. Puxei a gola do garoto, o puxando de volta.

— Seu nome?

— Solyn, alteza.

— No que posso ser útil? – pergunto sério, e o garoto engoliu em seco piscando atordoado.

— Bom, Eron ficou de distrair a Ayvah. Eles devem estar treinando.

— Onde?

— "Treinando". – alguém comentou humorado com malícia, e o lancei um olhar afiado que o fez sair correndo.

— A cabana fica mais ao sul na floresta. – Solyn apontou com o queixo. – Se vossa alteza...

— Yuriel. Eu não sou vossa alteza quando estou a trabalho no Esquadrão.– disse firme e ele tombou a cabeça confuso.

— Consegue atraí-los para cá dentro de uma hora?

— Vou tentar. – concordei com um único aceno e segui pelo corredor.

***

   Escorei-me em um tronco de árvore, vendo Ayvah lançar bolas flamejantes em Eron, uma atrás da outra enquanto ele se esquivava desesperado.

— Repete, seu brutamontes de pedra! Vou incinerar você!

O chão estava arruinado por buracos.

Cruzei os braços frente ao peitoral apenas assistindo a cena. Eron pulou, lançando contra ela.

— Eu disse que você gosta de ser jogada no chão, ou gosta muito de mim para ficar distraída com facilidade. – ele riu com divertimento, e Ayvah o chutou no centro do abdômen que o lançou para o chão.

Ele ofegou pelo golpe. E arqueio as duas sobrancelhas. Ayvah avançou para acerta-lo, mas ele lançou um disparo flamejante azul que a acertou no peito. Seu casaco pegou fogo e Ayvah o arrancou, o jogando no chão com força.

— Vamos fingir que você não está pegando leve comigo!– Eron se levantou atento e Ayvah o olhou séria.

— Não estou pegando leve Eron. Estou me colocando no nível de um cavaleiro de Torre Vermelha. Se eu ficasse séria, não sobraria nem o pó dos seus ossos!

Ela estava certa. E maneio a cabeça a avaliando baixo a cima. A clareira estava iluminada fracamente pelos fogos-fatos acima de suas cabeças, lilás suave brilhava contra os fios loiros de seus cabelos.

— É sério?

— Sim! É difícil acreditar que você é bom?

— A maioria de nós ouve que somos meros "sem raça". E não parece que a surra está sendo tão feia. Então parece que você está pegando muito leve.

— Não existe essa coisa de sem raça! Você é você! E ninguém pode ditar o seu valor! – ela deu de ombros – Você é talentoso o bastante. Acredite! Não estaria perdendo meu tempo se não enxergasse isso. – ela rosnou um tanto impaciente.

Eron a deu um sorriso ladino suave, seus olhos brilharam para ela, e apertei as sobrancelhas.

— Hoje, quando Yuriel contou sobre o que faziam com você em torre vermelha, eu entendi porque você ama tanto os dragões.