Capítulo 1

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ELLA FOSTER 

— A companhia, American Airlines, agradece a preferência e deseja a todos uma ótima viagem — A voz do comandante ecoa pela cabine do avião.

O meu medo de voar desperta quando o rugido das turbinas aumenta e o jato se desloca pela pista. Segurando as laterais do meu assento com força, as palmas das mãos suadas, vejo-me numa situação muito diferente da última vez em que busquei um novo destino, um novo futuro ao ir para a Universidade Com o coração apertado, observo as montanhas cobertas de neve desaparecerem por baixo de uma manta de nuvens e enquanto me despeço do único lar que conheci, faço uma prece:

— Espero que dessa seja a escolha certa, que dessa vez as coisas deem certo, que dessa vez não haja medo, dor ou sofrimento — murmuro e encosto a cabeça na janela, voltando observar o horizonte enevoado e, de vez em quando, eu respiro bem devagar.

Após algumas turbulências, o avião aterrissa no aeroporto de JFK. Com minha mala preta de rodinhas vou serpenteando em meio aos mais variados turistas. Ao deixar o prédio abarrotado, sou tomada pelo frio intenso de março em Nova Iorque. Agarrada ao meu casaco, procuro por um táxi, há muitos deles, formando um mar amarelo. Quando estou no branco traseiro do utilitário Camry maravilhosamente aquecido, sinto-me como uma caipira na cidade grande, meio espantada e meio deslumbrada, ao olhar pela janela do carro e observar as peculiaridades da cidade. Gente falando e gritando, com seus passos apressados pelas calçadas de concreto, o fluxo frenético de veículos quase colados uns nos outros, um Starbucks e loja de conveniência em cada esquina. E vejo que a paisagem vasta de árvores e dos lagos límpidos do Colorado, tinha sido substituída por uma impressionante paisagem de aço e concreto.

Ao chegar ao apartamento que dividirei com minha amiga Anna, salto do táxi e respiro fundo, antes de seguir prédio adentro. Depois de me identificar na portaria, subo até o quinto andar.

Eu mal cruzo a porta e ouço gritinhos animados.

— Você chegou! — exclama minha amiga e antes que possa responder ela me puxa pra um abraço apertado, tão apertado que preciso soltar minha mala. — Estou tão feliz por você estar aqui.

— Também estou feliz, amiga — falo e aconchego-me na sensação de tranquilidade que seu abraço me traz.

Conheci Anna Martins na universidade, dividimos o quarto desde o primeiro ano. Ela com certeza é a própria versão humana da Jessica Rabbit, com os cabelos ruivos e brilhante, pele sedosa e curvas que faz jus ao seu trabalho como Personal Traine e praticante de kickboxing. Além disso, fora desse papel, ela é a melhor amiga que alguém poderia ter. Na verdade, ela é como uma irmã que nunca tive. Com o passar dos anos, nos tornamos protetoras uma da outra. Foi amor e o apoio de Anna me ajudaram a atravessar noites e mais noites cheias de lágrimas e a dor do luto.

Sorrisos sinceros como os dela são raros. Sua energia boa e contagiante, ainda mais. Anna tem algo que aquece o coração dos outros. E eu sempre adorei sua visão positiva de ver mundo. Mesmo em dias cinzas e chuvosos, para ela tudo estava perfeito.

Talvez tenha sido por isso que vim morar com Anna. Na esperança dela ser como uma explosão de raios de sol em meus dias nublados.

— Como foi o voo? — Ela pergunta ao me soltar.

— Resisti sem precisar estar dopada. Então eu diria que foi tudo bem.

— Que bom. — Ela sorrir, fazendo sua covinha aparecer — Já faz muito tempo. Eu estava com saudades.

— Eu sei. Você não consegue viver sem mim. — brinco, mas eu também estava com saudades.

— Não sei mesmo, espero passe um bom tempo aqui comigo.

ACORDO COM O BILIONÁRIO: UMA HERDEIRA INESPERADAOnde histórias criam vida. Descubra agora