Capítulo 1

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Se tem uma coisa que eu odeio é acordar cedo. Todo dia me pergunto o porquê da escola começar às 7h15min da manhã.

Não. Tem algo que eu odeio ainda mais.

O garoto que está tomando café da manhã no meu sofá nesse exato momento com a minha caneca favorita.

Isso mesmo. Nishimura Riki. Ou como prefere ser chamado pela sua "gangue": Ni-Ki. E ele está no meu sofá cometendo essa audácia.

Ni-Ki é um dos melhores amigos do meu irmão mais velho, Jay, ou Jongseong. Sempre que pode, o Nishimura vem passar o dia e a noite aqui em casa. É praticamente o filho favorito dos meus pais. Aliás, meus pais amam os amigos de Jay. Sempre fazem churrasco ou chamam os meninos para vir aqui assistir um jogo, ou até mesmo viajar.

Não me leve a mal. Eu gosto dos amigos do meu irmão já que eu basicamente cresci com eles. O problema é que o tal de Ni-Ki é a pessoa que tem como hobby favorito me irritar desde sempre. Os outros meninos são mais de boa, a questão é que eles sempre estão aqui em casa, o que não me permite muito espaço pessoal.

Todos os amigos do meu irmão, incluindo Jay, fazem parte do time de vôlei do nosso colégio. Jongseong joga como oposto. Heeseung, o membro mais velho, joga como central e é o capitão do time. Sunghoon faz o papel de levantador. Jake vem como oposto também e intercala os sets com Jay. Jungwon como ponta e Nishimura também. E Sunoo é o líbero.

Bom, mas voltando ao foco principal do meu estresse matinal, Ni-Ki está tomando café na minha caneca favorita. E o pior de tudo, ele nem gosta de café. Nishimura sabe muito bem o quanto essa caneca de porcelana customizada do Coldplay, que eu mesma fiz o design, e que foi autografada pelo próprio Chris Martin, é terminantemente proibida de ser utilizada por qualquer outra pessoa que não seja eu.

— Bom dia, bela adormecida — o japonês me lança um sorriso ladino sabendo muito bem o quão ferrado está, mas não abre mão da provocação. — Você sabia que está uma bela manhã para uma deliciosa xícara de café? — ele faz questão de realçar a caneca em suas mãos.

— Olha aqui, Nishimura. — começo em tom de ameaça e autoridade. — primeiro, isso daí é uma caneca. — o japonês revira os olhos em tom de sarcasmo. — segundo, é a minha caneca que você sabe muito que é proibida de ser utilizada. — Vou até ele e tomo a caneca de suas mãos. Mas o que ferve meu sangue é quando olho para dentro da caneca. Vazia. Ele só pegou esse objeto valioso para testar a minha paciência. Quando ele percebe que seu plano foi executado com sucesso, sorri vitoriosamente.

— Tenha um bom dia, minha princesa. — levanta do sofá de forma vitoriosa e pisca para mim. Para retribuir, reviro meus olhos.

Já estou acostumada com as perturbações de Ni-Ki. Quando éramos mais novos, resolvíamos por meio de brigas. Agora que estamos mais velhos e mais acostumados com as provocações um do outro, palavras afiadas são suficientes na maioria das vezes. Mas algumas situações exigem que Nishimura leve bons tapas.

— Tia Park. — se dirige até a minha mãe. — seu café da manhã estava maravilhoso como sempre.

— Por nada, meu anjinho. — minha mãe o responde.

— Não acredito que você mima ele tanto assim. Mãe, ele usou minha caneca!

— Você é quem é muito mimada, mocinha. Nini sabe muito bem que você não gosta que usem sua caneca. Ele só estava brincando com você. — minha mãe o defende.

— Viu só, Liv. Eu sei me comportar. — Ni-Ki aparece da cozinha.

— Olha aqui, seu...

Quando eu estava prestes a revidar, meu irmão aparece e nos interrompe.

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