Capítulo 3

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Já fazia meia hora desde que o sino do colégio tocou e nada de Nishimura Riki aparecer. Estou esperando o japonês no estacionamento do colégio há tanto tempo embaixo desse sol escaldante que provavelmente vão pensar que fui à praia pegar um bronzeado.

Finalmente o japonês aparece.

— Nishimura!— gritei— por acaso tá maluco, é? Eu tô te esperando há meia hora nesse sol!

— Calma, princesa. Eu sei que você gosta muito de mim e que sentiu minha falta— brinca e então reviro os olhos.

— Conseguiu antecipar a sessão?

— Sim, senhora— fala em tom de sarcasmo.

— Não enche, Nishimura.

— "Não enche, Nishimura"— ele imitou minha voz em um tom muito agudo o que me leva a dar um pequeno tapa em seu braço.

—Você não sabe brincar?!— acaricia o lugar em que foi agredido.

— Não. Vamo logo.

Guardo minha mochila no compartimento de bagagens e subo na scooter esperando o japonês que logo se acomoda.

O caminho até a sessão de fisioterapia de Ni-Ki é bem tranquilo e surpreendentemente não há muitos veículos na rua. Porém, quando estávamos perto de um cruzamento, um cachorrinho decidiu que seria uma boa ideia nos seguir e tive que acelerar. Isso fez com que o japonês ficasse assustado com a velocidade e segurou em minha cintura para não desequilibrar. Por sorte eu estava de capacete, ou ele iria me zoar eternamente pelo rubor em minhas bochechas.

— Desce, pirralho.

— Ah, mas você é uma chata, hein—retruca e tira o capacete. Desde quando ele tem o cabelo tão sedoso? Quando ele tirou o capacete, parecia até aqueles comerciais de shampoo e...pera! Por que eu tô pensando isso?

— Sabe, uma foto duraria mais.— ele fala em tom de sarcasmo.

— Não enche, Nishimura.

— Bom, era só uma sugestão já que você não parava de me encarar.— sorri ladino.

— Entra logo. Vou ficar te esperando aqui.

— Como assim? Você não vai subir? Tá muito quente aqui fora, Liv.

— Eu sei. Mas esse bairro é muito bonito. Quero dar uma volta. Me liga quando acabar.

Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, saí andando. Preciso respirar um pouco e organizar meus pensamentos. Especialmente os mais recentes.

O bairro era Insadong. Um bairro muito bonito, cheio de lojinhas, restaurante e muita arte. Era como se eu estivesse em um livro.

Passei quase uma hora andando sem rumo nesse bairro. Comprei um gelato, comi um tanghulu, e no caminho de volta vi uma linda loja retrô. Eu preciso ir lá. Mas no momento em que eu estava prestes a entrar, Ni-Ki me ligou.

— Como você está? — perguntei ao moreno quando o avistei.

— Preocupado comigo, princesa? — reviro os olhos em resposta a sua provocação. — Estou bem sim. Não sinto mais dores. Só preciso continuar com a medicação e me alongando constantemente.

— Que bom então. Vamos.

— Onde fica a livraria?

— Não quero mais ir lá. Depois eu compro o livro. — dou de ombros e começo a subir na moto.

— Como assim?— ele indaga indo atrás de mim — Você tava doida por esse livro. Só faltava me bater por ter que atrasar você pra ir comprar isso. — ele me olha confuso.

— Enquanto você tava na fisioterapia eu dei uma volta pelo bairro e vi lugares lindos, incluindo uma loja retrô. Ela fecha às 15h. Tenho que aproveitar. Então nós vamos lá agora. — termino de falar e o japonês sobe na moto.

— Não vai reclamar?

— Por que eu reclamaria? A gente tem um trato. — fala isso enquanto põe o capacete e começo a dirigir em direção à loja.

A loja era linda. Só a fachada já era capaz de encantar os olhos de qualquer um. A loja tinha uma vibe do Studio Ghibli. O chão da frente era feito de pedras, a porta e as janelas tinham batentes de madeiras e tinha um sino de verão japonês pendurado perto da porta.

Ao entrarmos, um sino tocou anunciando-nos. O interior era ainda mais belo. Diversas paredes com estantes e prateleiras feitas de madeira antiga repletas de livros, discos de vinil, CDs e videocassetes. Eu amei.

Ni-Ki e eu temos poucas coisas em comum, e uma delas é o gosto por coisas retrô. Ficamos olhando discos antigos dos Beatles, CDs do AC/DC e até do Chase Atlantic. Também aproveitei o fato de que a loja vendia filmes para câmeras antigas e decidi repor meu estoque.

Enquanto eu estava olhando alguns pingentes italianos da década de 60 que o proprietário estava vendendo, Ni-Ki me chamou para ver um disco de vinil. Não era apenas um disco de vinil, mas sim um disco que continha as minhas peças favoritas de Chopin.

Nishimura sabe muito bem o quanto eu amo as criações de Chopin porque uma vez eu o forcei a ir comigo em um recital de piano em homenagem ao pianista polonês já que todos os meus outros amigos estavam ocupados.

— Achei que você ia gostar.

— Eu amei. Obrigada por me mostrar. — agradeço.

— Não tem de quê. É bem a sua cara. Imaginei que gostaria. — ele pega o disco e me entrega. — Toma. Agora é seu.

— Como assim? — pergunto confusa.

— Não interpreta errado. É só uma forma de agradecer por ter me trazido hoje na fisioterapia.

— Você sabe que minha mãe me obrigou a te trazer, certo?

— Mesmo assim, você trouxe. Então toma, pirralha.

— Ah, mas você não dá uma trégua mesmo...

Antes que eu pudesse completar a minha frase, ouço um grande barulho da porta sendo empurrada com força e então vejo duas pessoas encapuzadas e tratadas de preto, indo em direção ao caixa rapidamente.

Elas portavam armas. Era um assalto.

Fiquei imóvel. Não conseguir expressar nenhuma reação. Era como se tudo estivesse acontecendo novamente.

Só consegui retomar aos meus sensos quando senti alguém me puxando pelo braço até uma sala aos fundos da loja. Era Ni-Ki.

End notes

Oiii, gente! Como estão? Se preparem porque no próximo capítulo, Ni-Ki e Liv terão um momento muito especial e as coisas vão começar a evoluir a partir daí. Hehehehe
Eu tô muito feliz com a fic! Obrigada pelo carinho. Eu nem ia atualizar hoje ksksks mas fiquei tão feliz com o engajamento que decidir postar o capítulo 3 hoje 😊
Ainda vou decidir direitinho as datas de atualizações e falo pra vocês.
Beijooss💕💕 até a próxima att!

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