11 - A fúria do pai

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Alguns dias passaram depois da revelação de Gaspar. Alice passou uma semana sem conversar com ele e ele não estava se importando com isso. Sabia que em algum momento ela voltaria a falar com ele e tudo seria resolvido.
E um dia chegou do escritório e ela o esperava, sentada no sofá. Gaspar olhou na direção dela e observou, tentando descobrir se era briga ou se ela tinha aceitado o fato.
— Quando vou conhecer a menina?
— E você quer isso? Achei que não ia querer saber dela — Gaspar respondeu a olhando desconfiado. Aquilo estava estranho…
— Bem, não nego que fiquei furiosa com sua traição, mas a menina não tem culpa do cafajeste que você é.
— Ela não tem culpa de nada do que aconteceu e nem a Emily, que não sabia que eu tinha um compromisso com você. Mesmo tudo sendo do jeito que foi e ainda é.
— Por que ela escondeu de você a criança?
— Porque descobriu que eu tinha compromisso com você.
— Hum…
— Se tem alguém culpado nessa história, sou eu.
— Concordo. Mas também não confio nessa mulher.
Gaspar revirou os olhos quando ela disse isso. Já viu que Alice implicaria com Emily por coisas imbecis. Eles nem chegaram a ter um romance! Foi só uma noite. Alice o encarou enfurecida quando disse isso a ela.
— Não importa! Aposto que agora ela sabe quem você é de verdade e está doida para cravar as garras no seu dinheiro e com um filho, ela tem passe livre.
— Não fale merda, Alice! Nem todos são como você! — disse, irritado.
— Você que pensa! Todos são interesseiros. Eu tenho certeza de que muito em breve você vai descobrir que ela é uma trambiqueira.
— Chega! Estou cansado e não sou obrigado a ficar ouvindo essas idiotices!
— Não é idiotice, Gaspar! É a realidade. Você pode não querer enxergar, mas ela pode estar usando essa situação a seu favor. E eu não vou ficar de braços cruzados enquanto você se torna uma marionete nas mãos dela.
— Já chega, Alice! Eu não vim para casa para discutir isso. Se você não é capaz de aceitar a situação e seguir em frente, então talvez seja melhor reavaliarmos nosso relacionamento.
— Reavaliar? Você acha que pode simplesmente me trair, ter uma filha fora do casamento e depois vir com essa conversa de reavaliação? Você está completamente fora da realidade, Gaspar!
— Não é tão simples quanto você está pintando, Alice. Eu também tenho sentimentos e estou lidando com isso da minha maneira. Não vou mais ficar aqui para ser constantemente atacado.
Gaspar saiu da sala, deixando Alice furiosa e frustrada. Ela sabia que a situação era complexa, mas não podia simplesmente ignorar a traição e a presença da mulher que Gaspar a traiu.
Dias passaram e Alice finalmente tomou coragem e foi se encontrar com seu pai. Estava evitando esse momento a todo custo. Por ela, nem contaria nada a ele, mas assim que a menina começasse a frequentar a casa, ele saberia de tudo. Então, era melhor ela contar logo toda a história e ouvir tudo o que ele diria a respeito dessa situação.
Entrou na empresa e esperou alguns minutos para poder entrar na sala do pai. E quando entrou, sentiu as mãos trêmulas, só de olhar a figura sentada na cadeira e o olhar de julgamento que lançou a ela. Isso porque ele nem sabia ainda…
— O que foi, Alice? Qual o problema da vez?
— Por que acha que é problema?
— Você só me procura quando tem um.
Ficou em silêncio olhando para o pai depois da resposta. Estava com muito medo do que ele faria com ela…
— Fala de uma vez.
— Gaspar me traiu.
— E daí? A gente sabe que ele faz e sempre fez isso. Não venha com inveja agora.
— Não é isso. Eu não ligo para quem ele leva para cama. O problema é outro…
— Qual, Alice?
— Ele tem uma filha com uma mulher desses encontros fora do casamento — falou de uma vez.
— Uma filha?
— Sim. Apareceu agora e ele avisou que vai assumir a criança.
O homem ficou em silêncio por um tempo muito longo. Alice sentiu o coração bater acelerado no peito. Ele ia surtar com certeza, só estava avaliando a situação.
— Eu não acredito nisso! — Socou a mesa com força, fazendo algumas coisas caírem no chão. — Porra Alice! Você é uma inútil mesmo! Eu sabia que não cumpriria com a merda do plano a tempo!
— Eu não tenho culpa se ele arrumou um filho bastardo.
— Mas é claro que tem! Não estou vendo seu filho aqui! Ele está aqui por acaso? — esbravejou. — Cinco anos! Cinco anos e nada de você arrumar uma merda de um filho, Alice! Agora mais essa!
— Não tenho culpa! Eu fiz de tudo, mas não engravidei.
— É uma imprestável mesmo! — gritou. — Porra! Agora é capaz de ele querer assumir a mãe da criança também. Já pensou nisso?
— Isso eu não vou deixar!
— Como? Se é uma imprestável de primeira? Será que eu vou ter que agir? Não me surpreenderia nem um pouco se essa mulher tomasse seu lugar em dois dias! — gritou.
— O senhor sabe que esse tempo todo eu tentei engravidar de todo jeito, mas…
— É uma imprestável! Aí uma puta qualquer entrou na sua frente e engravidou de primeira! Para você ver o tamanho da sua incapacidade!
Alice não respondeu mais. Segurava para não chorar com as coisas que ouvia. Sabia que o pai ia ficar furioso e falar um monte de coisas horríveis, mas mesmo assim não deixou de ficar magoada. Ela não era imprestável… sempre fez de tudo para engravidar, mas não conseguiu. Chegou a falar com o pai para ir ao médico ver se não tinha algo, mas ele não a deixou ir ao médico. Disse que não tinha problema algum com ela e que era para arrumar logo um filho de Gaspar.
Ele não queria assumir que alguém da sua família poderia ser infértil. Se Alice fosse ao médico e tivesse algum diagnóstico de infertilidade, todos saberiam da sua vergonha.

Cadê meu papai? A filha perdida do bilionário Onde histórias criam vida. Descubra agora