Cadê meu papai? A filha perdida do bilionário

21 - Você gosta dele

Emily estava completamente apaixonada pelo pai da sua filha. Apaixonada pelo pai casado da sua filha.
— Merda! — reclamou em voz alta.
— Mamãe?
Emily olhou para a porta do quarto e Gabriela estava lá, coçando um dos olhos com a mão.
— Oi, meu amor. Acordou? Vem cá.
Gabriela se aproximou e subiu na cama.
— Tive um sonho ruim…
Emily sorriu e abraçou a filha.
— Vamos dormir juntinhas então, assim o sonho ruim não volta mais!
Gabriela sorriu e abraçou a mãe. Desse jeito, com certeza não teria pesadelos. Ela viu os pais se beijando, acordou no carro e ao olhar pelo vidro, conseguiu ver e sorriu, muito feliz. Gabriela achou que fosse ter sonhos bonitos depois de ver os dois se entendendo, mas sonhou com uma Alice furiosa e ficou com muito medo…
Gaspar também não dormiu naquela noite. Não parava de pensar no beijo de Emily. Por que foi fazer aquilo? Agora estava com medo que ela se afastasse ou começasse a tratá-lo com alguma indiferença ou coisa pior.
Entre esses pensamentos, também pensava na furada que entrou ao aceitar a proposta do pai de Alice no passado, mas ele estava desesperado, não queria perder os bens que seu pai lutou tanto para conseguir e naquele momento, não pensou que estava se metendo em algo ruim, pois não acreditava no amor. Sempre achou que os casamentos e uniões entre um homem e uma mulher fossem apenas interesses ou negócios, como foi o casamento dele.
Mas depois da Emily… algo mudou dentro dele e como um bom cabeça dura, ignorou tudo o que sentiu no passado e assinou aquele maldito contrato, que o uniu a Alice para sempre. Mesmo não querendo estar mais com ela.
No meio da madrugada, Alice entrou no quarto dele. Os dois não dormiam no mesmo quarto. Era sempre assim e quando ela vinha até o dele, sabia exatamente o que ela queria.
Sempre que estava no período fértil era a mesma coisa, mas nunca deu resultado algum. Chegou a pensar que ele não podia ter filhos, mas após descobrir sobre a Gabriela, percebeu que o problema não estava com ele…
Suspirou, pois não queria aquilo, mas era obrigado. Mesmo sabendo que não daria em nada mais uma vez.
~*~
Umas semanas se passaram depois do desfile. Emily e Gaspar se encontraram depois do beijo, mas nenhum dos dois comentou sobre o assunto. O que Emily achou ótimo. Mais uma vez Gabriela dormiria na casa do pai e Emily novamente sentiu aquele aperto no peito. Era uma situação muito ruim, mas não podia impedir a filha de dormir com o pai. Principalmente porque foi ela que pediu.
— Qualquer coisa me chama que eu te busco, está bem? Se quiser voltar pra casa, me liga.
— Tá bom, mamãe, mas eu vou ficar bem.
Emily suspirou com a resposta. Esperava que ficasse bem mesmo…
Gaspar chegou na hora marcada para buscá-la e Gabriela estava muito feliz, mas nem a alegria da menina tirou aquele aperto do peito de Emily.
— Boa noite, Emily. — Gaspar cumprimentou quando ela abriu a porta.
— Boa noite. Entra. Ela está terminando de arrumar a mochila.
Gaspar passou por ela e na mesma hora sentiu o perfume dele, o que fez com que se lembrasse imediatamente do dia do beijo e se xingou mentalmente por isso. Ela o convidou para se sentar enquanto esperava.
— Não sei o que ela tanto arruma, mas me expulsou do quarto quando eu disse que ia ajudar a arrumar a mochila.
Gaspar riu quando ela falou.
— Assim eu fico preocupado.
— E eu?
Os dois riram e em pouco tempo, Gabriela apareceu com a mochila nas costas e correu na direção de Gaspar.
— Papai!
— Oi, minha princesa! — Abraçou ela quando pulou em seu colo. — Está pronta?
— Prontíssima.
— E o que tem nessa mochila que não podemos saber?
— É segredo. Vou revelar só na sua casa.
— Quanto mistério…
— Podemos ir?
Gaspar riu do jeitinho ansioso dela.
— Claro. Se despeça da sua mãe.
Gabriela desceu do colo dele e pulou no de Emily, que a abraçou. Era sempre muito ruim saber que a filha não dormiria em casa.
— Se comporta.
— Pode deixar, mamãe. Vou ficar boazinha.
— Até amanhã então. — Beijou a testa dela.
Emily acompanhou os dois até o lado de fora.
— Não vão se despedir? — Gabriela falou quando viu uma certa distância entre eles.
Os dois trocaram olhares e o coração de Emily disparou. Agora ia ser sempre isso? Estava começando a desconfiar que Gabriela fazia isso de propósito!
— Claro — Emily respondeu e dessa vez, ela que deu um beijo na bochecha de Gaspar. — Se ela aprontar, pode devolver.
— Não sou um pacote pra ser devolvido assim! — Gabriela reclamou e os dois riram dela.
— Até amanhã — Gaspar falou com Emily.
— Até.
Os dois entraram no carro e Emily ficou olhando, até que virou a esquina e sumiu da rua. Suspirou bem alto e quando ia entrar em casa, levou um grande susto quando Leticia apareceu.
— Eu vi esse beijinho inocente, mas nem tanto de vocês.
— Inocente mesmo! E só fiz porque a Gabriela agora cismou que a gente tem que despedir.
Leticia riu muito alto e Emily a olhou irritada.
— Sua filha é esperta demais!
— Por que esperta?
— Aos poucos está aproximando vocês e você nem notou — falou rindo.
Emily ficou quieta. Então era isso mesmo, era de propósito!
— Nem adianta tentar me enganar — falou seguindo Emily para dentro da casa. — Eu bem sei que você gosta!
— Você não faz nem ideia de merda nenhuma.
— Então me conta!
Emily respirou fundo e contou a ela sobre o beijo no dia do desfile e o que sentiu e ainda sente quando Gaspar se aproxima dela.
— Você gosta dele e dai?
— Leticia, ele é casado!
— E não pode se separar?
— Não quero ser o motivo disso!
Leticia revirou os olhos com essa fala.
— Fala sério! Eu não acho que ele goste da esposa.
— Você nem a conhece!
— Não conheço, mas pelo jeito que te olha, dá para ter uma ideia de que não é a esposa que ocupa os pensamentos dele…
— Ah! Agora você acha que pode ler mentes, é isso? — falou, brava.
Leticia riu muito alto e Emily cruzou os braços.
— Amiga, eu vi o jeito que ele te olhava naquele desfile. O cara estava fascinado.
— Não. Só devia estar admirado com o desfile.
— Mas ele olhava para você, não para sua criação. E estava com ciúmes do Roger. Eu vi perfeitamente nos olhos dele.
Emily ficou pensativa quando ela falou isso. De fato, notou que toda vez que olhava na direção dele e de Gabriela, ele estava a olhando. Principalmente quando Roger estava por perto. Mas será?
— De toda forma, nada disso importa, porque ele tem um compromisso com a Alice.
— Essa Alice deve ser uma enjoada e mimada, ele gosta de mulher forte e independente, como você.
— Para com isso, Leticia! — brigou.
— Se eu fosse você, tentava. Para mim o casamento dele está falido há tempos.
Emily balançou a cabeça em negação e não respondeu mais nada. Mas as palavras de Letícia ficaram ecoando na cabeça dela durante toda a noite.
~*~
Quando Alice viu pela janela do quarto que Gaspar tinha chegado com Gabriela, revirou os olhos com irritação. De novo teria que aturar aquela bastarda! Até quando conseguirá se fazer de boazinha? Não sabia, mas precisava engravidar o mais rápido possível e tinha acabado de comprar um teste de gravidez. Só estava tomando coragem para fazer.
Com a mente cheia de preocupações e frustrações, seguiu em direção ao banheiro para realizar o teste de gravidez. Seu coração batia acelerado, e suas mãos tremiam enquanto segurava o pequeno dispositivo. Ela não podia mais adiar isso. Seu pai estava furioso com ela e sempre a ameaçava sobre esse filho que não conseguia ter.
Gabriela, alheia à tensão no ar, tagarelava no quarto ao lado com o pai, contando como foi sua semana e fazendo perguntas sobre o dia de Gaspar.
Com cuidado, Alice fez o teste e esperou ansiosamente pelo resultado. Enquanto aguardava, não conseguia deixar de pensar em como Gabriela era um lembrete constante da traição de Gaspar. A menina era inocente, mas, para Alice, representava uma barreira entre ela e o fato de que não conseguia engravidar.
O teste de gravidez finalmente mostrou o resultado, e lágrimas de frustração e raiva encheram os olhos de Alice. Era negativo mais uma vez. A sensação de impotência a dominou, e ela se viu submersa em um turbilhão de emoções negativas.