36 - Presa

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Gaspar queria gritar com ela e dizer que não precisava de nada que vinha dela. Principalmente dela! Mas o que ele ia fazer? Pedir a uma estranha que o ajudasse? Até pensou nisso, mas...

— Vem, querida. Eu te ajudo. — Estendeu a mão na direção de Gabriela.

A menina olhou o pai e depois a mão de Alice, esperando que ela segurasse. E lentamente, segurou a mão de Alice e soltou a de Gaspar.

— A gente já volta, querido.

— Para de me chamar assim — disse com o rosto sério e Alice sorriu. Ela deu as costas e ele entrou no banheiro com Gabriela.

Gaspar suspirou bem alto e se perguntou se aquilo era uma boa ideia. Ele encostou na parede ao lado da porta do banheiro feminino e esperou.

Lá dentro, Alice abriu uma das portas que separava os vasos sanitários e disse para Gabriela usar logo.

— Você não vai cobrir para mim?

— Cobrir o que, garota?

— A tampa para eu poder me sentar.

— Que nojo! Para que eu faria isso?

— Minha mãe diz que banheiro que todo mundo usa é sujo e não posso me sentar nele sem proteção.

Alice revirou os olhos com impaciência.

— Aqui é limpo. Pode usar.

— Tem certeza?

— Anda logo, garota! Não tenho o dia todo!

Gabriela olhou o vaso sanitário e o rosto de Alice, pela expressão de brava, ela não ia cobrir nada mesmo... entrou no pequeno espaço e olhou Alice de novo. Ela a encarava com uma expressão assustadora. Gabriela tirou a roupa com certa demora, pois estava com medo de Alice.

— Anda logo! — reclamou. — Meu Deus! Quanta lentidão!

Assim que Gabriela se sentou, Alice puxou a porta com toda força e fechou, fazendo ela ficar presa. Gabriela tentou abrir, puxando a porta, mas ela não abriu de jeito nenhum.

— Abre a porta!

— Você já terminou?

Gabriela não respondeu e continuou tentando abrir, mas não adiantava seu esforço. Ela se abaixou para ver se conseguia sair por debaixo da porta, mas o espaço era bem pequeno. Só conseguiu ver os pés de Alice um pouco distantes da porta. Ela parecia estar de frente para o espelho.

— Eu terminei, pode abrir? — mentiu.

— Claro — falou ainda de frente para o espelho. — Nossa, essa porta parece emperrada.

Alice sequer saiu do lugar para tentar abrir, então, por que estava falando aquilo? Gabriela esperou, olhando por debaixo da porta, mas Alice continuou no mesmo lugar e não parecia que ia se esforçar para abrir a porta. Gabriela se levantou do chão e tentou de novo abrir, mas não conseguiu. Começou a sentir um certo desespero ao estar presa ali e pediu de novo para Alice abrir.

— Estou tentando, querida, mas está presa.

Gabriela colocou as duas mãos na porta, sentia a respiração apertada, como se algo a impedisse de respirar direito, tamanho desespero por estar trancada ali dentro e Alice não abrindo a porta. Então começou a chorar e gritou por Gaspar. Alice não ia ajudá-la.

Gaspar ouviu o grito desesperado de Gabriela e entrou no banheiro, não se importando que era o feminino. Até porque, não entrou nenhuma mulher desde que as duas entraram.

Lá dentro, encontrou Alice com a mão na porta onde Gabriela estava. Ela puxava a porta, mas não abria.

— O que aconteceu? — Empurrou Alice para o lado e tentou abrir a porta, mas estava agarrada.

Cadê meu papai? A filha perdida do bilionário Onde histórias criam vida. Descubra agora