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•Alice Dlourents•

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•Alice Dlourents•

   Eu poderia correr de um lado para o outro e pararia aqui de qualquer forma. Quando estou exausta nada pode me carregar como eu mesma me carrego.
Da ultima vez que vim aqui, tinha acabado de enterra-la, estava sozinha e desesperada, sem concelhos e sem amparo de ninguém. Não tinha ideia do que seria de mim, talvez eu ficasse na minha casa ou talvez não, eu literalmente não tinha certeza nenhuma de vida.
Hoje eu estou aqui estabelecida de forma que antes eu nunca nem imaginaria. Tenho casas, carro e muitas coisas que o dinheiro pode comprar

mas ao mesmo tempo eu tenho bem menos do que antes. Não vou chorar nem pensar de mais. Sou uma pessoa conformista e sei quando e quais brigas devo comprar. Não posso sofrer a vida toda por ser quem eu sou, eu preciso encarar a realidade.

Eu nunca tive um pai na infância e minha mãe deixava comprimidos na mesa de centro da sala todas as manhãs. Sempre que ia dormir, trancava a porta do meu quarto para que um de seus homens não pensasse que eu fazia parte da diversão. O período da adolescência foi marcado por dois irmãos ricos que fizeram dos meus dias um inferno.

A questão é que eu nasci para ser sozinha. Nasci para me defender sozinha e nunca esperar o socorro de ninguém.

— um dia você me socorreu de uma grande merda, não foi?— chutei a água do mar levemente com a ponta dos pés, como se estivesse cutucando-a — lembro da sensação como se fosse hoje. Ele puxava meu cabelo e tentava tirar meu vestido... porra, imagina o qual pior poderia estar minha cabeça se ele estivesse ido mais longe hein.
Sei que você odeia voltar nesse dia bem mais do que eu deveria, mas... eu gosto de voltar lá

A praia a noite me deixava mais a vontade para conversar com ela

— por que na minha perspectiva, aquele não foi o dia em que eu fui quase estuprada. Não, aquele foi o dia em que você me levou para morar em sua casa. Foi um dia tão importante para mim.

— Meu pai tinha acabado de sair da distribuidora, quando era apenas uma barraca no Cut.— a voz do JJ atras de mim me fez suspirar. Não sei se estou feliz em vê-lo invadir meu espaço como está fazendo agora, mas acho que não estou odiando
— ele estava como um cachorro de rua ferido cambaleando até chegar em casa e me encontrar lá tentando fazer algo para comer. Porra, eu estava faminto, sempre comia

— ovo frito— respondi sabendo exatamente qual é o único alimento em abundância na casa de um viciado.

— eu fiz uma bagunça na cozinha e queimei um pano de prato.

— você é um caos— ele soltou uma pequena risada com o meu comentário

— ele ia me matar naquele dia. Percebi assim que recebi o primeiro golpe, foi diferente de todos ou outros que eu já tinha recebido antes.— ele disse com as mãos no bolso de sua calça encarando o mar
— foi muito rápido, eu só precisava chegar até o quarto. Mas então, um cara entrou na minha casa é não era mais eu quem chorava.

— bem vindo a gangue.

— E agora ela esta morta. A única pessoa que me salvou na vida, e eu não consegui salva-la.

— culpa é um sentimento engraçado não é?— perguntei— como podemos nos torturar por algo que nem imaginamos que estaria acontecendo.

— eu imaginava.

Olhei para JJ tentando assimilar se tinha escutado corretamente. Ele sabia o tempo todo que ela estava em perigo e não me contou?

— v-você sabia que ela estava em perigo?— perguntei

— imaginava. Ela estava estranha, desleixada, preocupa de mais para se importar com os detalhes.

— portas abertas...

— algo estava errado. Logo percebi Rafe se aproximando, rodeando a casa.

Oh meu Deus. Como pude ser tão idiota.
Como pude ser tão estupida. Eu poderia ter evitado tudo, eu só precisava fazer o que o JJ mandou, eu só tinha que fazer uma única coisa. Ficar longe do Rafe!

— culpa não nos ajuda em nada.

Ele estava apenas me usando para ajudar seu pai. Não se tratava da ocasião. Rafe não escolheu o lado do seu pai, ele era meu inimigo.

— Rafe não matou a Dayse. Perdi tempo tentando fazer ele pagar quando eu perdi de vista quem realmente importava. — JJ olhou indiferente
— onde está Ward Cameron?


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Rafe Cameron

       Voltar para Outer Banks não tem o mesmo efeito do que antes. Imaginei que esqueceria meus problemas, encontraria meus velhos amigos e estaria livre da cidade grande mas, Outer Banks se tornou uma cidade grande. Alice transformou esse lugar.
Clubes e boates, hotéis e bares. Ela soube expandir como uma verdadeira milionária faria, ela é lindamente esperta.
      Uma pena saber tão pouco sobre tudo a sua volta. Se ela fosse só hm pouco mais atenta, ela estaria no topo do mundo

— o que faz aqui Rafe?— Sara perguntou de forma melancólica, estava realmente chateada com a minha decisão
— ela nos odeia— disse como se eu já não soubesse

— por que ela precisa escutar algumas coisas— disse de forma simples

— ela não confia em nós, como poderia acreditar em qualquer coisa que saísse da nossa boca?

— ela ainda não confia em mim, mas vai— disse simples— sei que vai demorar mas eu preciso que ela saiba que não tinha escolha para tomarmos.

— mas tinha Rafe.— Sara disse por fim.
— tínhamos uma escolha. A diferença é que escolhemos o mais fácil tanto para ela quanto para nós mesmos. Do que adianta tentar quando já perdemos?

Ela sempre fala a verdade na cara independente do quanto doa. Eu amo isso na minha irmã, ela é tão destemida ao que acredita ser certo, ela nunca me entenderia como Alice entende

— por que eu preciso dela de volta.— respondi por fim. Não precisava dizer mais nada dado ao suspiro cansado da mais nova ao ouvir minhas palavras

— ela nunca vai voltar a ser como antes Rafe.

Eu sei. Mas eu ainda preciso do que sobrou, ainda que ela me desse apenas migalhas eu ainda estaria disposto a mover tudo por ela. E porra, eu nem sei por que faria todas essas merdas por uma garota tão teimosa e egoísta.
Alice não vê nada ao seu redor, ela está tão concentrada em provar que está certa, em correr atrás do que quer doa a quem doer que não vê o óbvio.
Eu ainda a odeio tanto, mas preciso tanto abraça-la novamente.

𖥸 Solstício de verão- Rafe Cameron 𖥸Onde histórias criam vida. Descubra agora