Prólogo

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"A normalidade é uma estrada pavimentada: Confortável de se andar, mas flores nunca crescerão nela."

                                                                                                                                                    — Vincent Van Gogh

...

Já passava do horário do almoço, mas eu ainda continuava trancafiada dentro desse consultório. Minha barriga roncava clamando por um almoço descente.

Mais de uma hora, eu estava trancada aqui á mais de uma hora com essa mulher maluca e o filho dela! Eu estava fazendo a consulta da criança e já tinha entendido o problema real nos primeiros cinco minutos em que eu coloquei os meus olhos nela e a examinei, a criança estava com a garganta inflamada, mas a mãe surgia com novos sintomas de vinte em vinte segundos.

— Ás vezes os olhos dele ficam vermelhos quando ele acorda, eu não sei se é por que ele coça muito ou se é uma conjuntivite, mas ele quase não sai de casa, como ele pegaria uma conjuntivite ? – Ela falou enquanto olhava para o filho dela. – Você viu isso ? Ás vezes a bochecha dele da essas tremidinhas, qual será o problema do meu filho doutora ?

Eu apoiei os meus cotovelos na mesa e passei as mão pelo meu rosto.

Deus, me leva!

— Olha, dona Sara, eu vou passa um remédio para a garganta do seu filho, a febre é causada por uma inflamação na garganta, mas tomando esse remédio regularmente  e nos horários certos, ele vai voltar a ser uma criança cheia de energia e sem febres. –  Eu falei enquanto escrevia o atestado para a criança e prescrevia os remédios. – Talvez seja necessário um dia ou dois sem ir para a escola, mas é só isso mesmo. – Falei arrancando a folha e entregando para ela.

— Mas e os olhos ? E a bochecha ? – Ela me perguntou exasperada.

Eu suspirei e tentei manter a calma, paciência, Evellyn, paciência.

— Pelo que eu vi aqui, Arthur, só está com a garganta inflamada, nada há mais. Mas qualquer outro sintoma que ele venha a apresentar repentinamente a senhora pode o trazer aqui novamente.

Ela me olhou parecendo ofendida e se levantou pegando a receita da minha mesa.

— Garganta inflamada – Ela debochou e saiu do meu consultório.

Eu suspirei de alívio.

Quem ela pensa que é ? Eu não fiquei mais de seis anos em uma faculdade de medicina para nada! Tudo bem que talvez eu esteja aqui meio que forçada, mas sei fazer o meu trabalho.

Eu olhei para o meu relógio de pulso e vi que não teria tempo de sair para comer, infelizmente eu teria que comer no refeitório do hospital. Que morte horrível.

Me levantei e sai do meu consultório, nem fiz questão de tirar o jaleco, daqui a exatos vinte minutos eu teria que voltar para aquele filme de terror mesmo.

Chegando ao refeitório que estava praticamente vazio, eu chequei o cardápio de hoje que estava colado na parede, e vi que teríamos uma belíssima sopa de legumes. O que eu fiz para merecer isso ?

— Olá, Thomas. Uma belíssima sopa de legumes para essa moça aqui que está morrendo de fome. – Eu falei para Thomas, um dos cozinheiros dali.

— Doutora, Evellyn, a senhorita está péssima. – Ele falou ajeitando a toquinha dele. – Com certeza uma sopa irá te ajudar bastante. – Ele falou me estendendo uma bandeja com sopa e suco de goiaba.

Doida Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora