Tem aqueles momentos na vida em que nós só pensamos "por que eu fiz isso?".
No momento, eu estou seguindo mais ou menos essa linha de raciocínio. Eu estou pensando: "Por que eu quase bati naquela vadia? Agora eu tenho que ficar aqui, escutando o Nikita me dando bronca", mas, o pensamento que reina é: "Por que raios e trovões eu não perguntei o nome daquele deus grego?!".
Pois é, eu estava tão ocupada babando e tendo pensamentos indecentes com o próprio, que acabei falando o meu nome e esquecendo de perguntar o dele.
Evellyn, sua burra!
Eu estava nesse momento decidindo se voltava até lá e perguntava, como quem não quer nada, ou se deixava o destino nos unir novamente.
— Evellyn! – Eu olhei assustada na direção de um Nikita que me fulminava com o olhar. — Você por acaso prestou atenção em alguma coisa que eu acabei de dizer aqui?!
Eu abri e fechei a boca várias vezes, antes de balançar a cabeça para os dois lados.
Ele revirou os olhos e se jogou na cadeira acolchoada dele.
— Desculpa. – Pedi baixinho enquanto aproximava a minha cadeira da mesa dele. — Você quer repetir? – Eu tentei enquanto jogava um sorrisinho para ele.
— Não, muito obrigado. – Ele respondeu todo irritadinho.
Dei de ombros.
Eu fiquei o encarando enquanto o mesmo brincava com um lápis.
— Você vai mesmo fingir que eu não existo?
— Por que não? Você estava fazendo a exatamente a mesma coisa á alguns segundos atrás. – Ele falou erguendo uma sobrancelha na minha direção. — Eu não deveria me importar nem um pouco, já que o problema está praticamente todo nos seus ombros. – Eu olhei sentida para ele. — Não me olhe assim, eu estava aqui tentando resolver o seu problema, enquanto você pensava na morte da bezerra.
Revirei os olhos.
— Desculpa, foram só alguns segundos de distração, prometo que não vai acontecer mais.
— Bom, agora deixa eu te perguntar. – Falou se encostando na cadeira e me olhando sério. — Você tem quantos anos de idade, Evellyn, para sair querendo bater nos outros por ai?! – Ele perguntou quase gritando.
— Vinte e um. – Eu não sabia se ele estava sendo retórico, mas com ele me olhando daquele jeito, eu me senti obrigada a responder.
— Isso! Vinte e um anos. Agora me diga, isso é idade para sair fazendo esse tipo de coisa? Você é uma adulta, você sabe que isso aqui é trabalho e não a época do colegial! Não tem que se deixar levar pela emoção do momento! Eu pensei que você já soubesse disso, você era uma médica!
Eu concordei.
Sabia que estava errada, não devia ter agido daquela maneira e sei muito bem disso.
— Desculpa, não vai acontecer novamente. – Ele não pareceu satisfeito com isso. — O que?
— Por que você fez isso? Faz tempo que eu não te vejo fazendo coisas desse tipo, e ultimamente, tem acontecido bastante. – Eu olhei sem entender para ele. — A sua decisão sobre a sua família, a discussão que você teve com eles antes de vir para cá e, por fim, a situação de hoje. – Ele explicou.
— Eu não sei. – Falei dando de ombros, mas ele me lançou um olhar como se dissesse: Nós dois sabemos que você sabe sim! — Na verdade, talvez eu tenha uma pequena noção do que seja... – Falei enquanto pegava o lápis que antes ele estava brincando e fazia a mesma coisa. — Mas não é grande coisa, eu vou dar um jeito nisso, e tudo vai voltar ao normal, sabe, foi uma coisa momentânea, não vai se repetir, eu prometo. – Falei soltando o meu maior sorriso.
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Doida Por Você
Roman d'amourEvellyn Mondini sempre teve um único sonho, ser pintora. Mas se vê sendo impedida de realizá-lo graças a seus pais que sempre insistiram para que a mesma seguisse com a carreira da medicina para continuar com o legado da família Mondini, que é conhe...