Cap 29

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Ucker narrando
— Como assim você matou ele ? — perguntei ainda sem reação com o que acabara de ouvir

— Quando eu fugi,  ele foi atrás de mim, atirou nos pneus do carro, fui obrigada a sair de dentro, mas no porta luvas tinha um revólver, eu o peguei e enfrentei ele com toda a minha raiva, não pensei que fosse ter coragem de atirar nele até perceber que, ou eu o matava ou morreria — ela começou a chorar outra vez, abracei seu corpo fortemente

— Shiiii, tá tudo bem agora, eu tô aqui com você! — Acariciei seus cabelos, ela se afastou um pouco para me olhar nos olhos

— Você acha que eu sou um monstro por ter tirado a vida de alguém? — Perguntou temerosa

— É claro que não, você agiu em legítima defesa, não tem que se culpar, está bem? — Segurei sua face entre as mãos

— Eu... eu fiz tudo errado... deveria ter dito a verdade na delegacia, mas não tive coragem, tenho medo de ser presa, como Dorinha ficaria ? — ela estava aflita

— Calma, é preciso muita calma nessa hora, me conte o que aconteceu depois...

— Coloquei o corpo dele no carro e dirigi para mais longe possível, o celular foi eu quem jogou fora, não poderia ser rastreada cometendo um crime, cheguei a um penhasco no alto de um morro, a beira mar, sair do carro e o empurrei, houve uma explosão do veículo, eu me desesperei na hora, depois de mais calma, desci a pé e no caminho já em terra plana, um carro com uma mulher me ofereceu carona, tinha duas crianças dormindo atrás, ela me deixou na rodoviária e assim eu te liguei

— Tá tudo bem meu amor, fica tranquila, eu tô aqui com você — Nos abraçamos outra vez e ela chorou nos meus braços

— Ucker! — Me encarou nos olhos após sair do abraço — Você não pode contar isso pra ninguém, me promete ? — Segurou minhas mãos

— Meu amor, você sabe que uma hora ou outra a verdade sempre aparece, o delegado não vai simplesmente deixar o caso pra lá, ainda mais sabendo que você corre "perigo" a julgar que ele supostamente seja um fugitivo...

— Eu sei... Preciso de um tempo... Uns dias talvez... Não consigo pensar em nada agora — Ela passava as mãos na cabeça em  desespero

— Eu vou te ajudar, não fique com medo, está bem? — Acariciei seu rosto suavemente

— Obrigada por estar aqui comigo — se aconchegou nos meus braços e aos poucos foi se acalmando

— Está se sentindo melhor? — Indaguei alguns minutos depois

— Sim — Afirmou, após se afastar do meu corpo

— Isso é ótimo, agora tenta dormir um pouco, você precisa descansar, estou aqui com você, fica tranquila — Beijei sua testa suavemente, depois deitamos e ela adormeceu abraçada a mim

            Dulce narrando

Dia seguinte....
Acordei por volta das 8hs, Ucker estava próximo a janela do quarto, observando o dia lá fora ...
Sentei na cama e só então relembrei que tinha dito a verdade pra ele depois do pesadelo que tive, confusa e com medo do que estava por vir, fechei os olhos e comecei a fazer minha oração, de todas as manhãs.
Ao abrir os olhos, Ucker tinha se virado e estava me observando de longe

— Bom dia meu amor! — Ele disse, antes de se aproximar da cama

— Bom dia amor, está acordado a muito tempo? — Questionei

— O suficiente pra preparar o nosso café da manhã e me despedir de Dorinha, que a essa hora — olhou o relógio no pulso — Já está na creche — sorriu

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