RAMON FABBRI
Depois de várias horas de voo com uma escala em São Paulo, tive que pegar um Uber e seguir diretamente para uma pousada na cidade do Vale do Café. Estava exausto e só queria descansar, recuperar minhas energias. Resolvo levantar, vendo que já passava das 09:00 da manhã. Como hoje é sábado, acredito que meus pais estejam em casa. Acabei ficando na pousada até depois do almoço e só então segui viagem para o haras. Estava tão exausto que não consegui avisar meus pais que havia chegado, e também queria surpreendê-los. Sentia muita saudade deles e esperava poder passar alguns dias em casa com minha família antes de finalizar a compra da minha fazenda.
— Obrigado por me levar até o haras, Miguel. Eu esqueci de ligar para meus pais e pedir que trouxessem minha caminhonete.
— De nada, Ramon. Sem problemas. Eu estava querendo dar uma passada no haras mesmo, estou planejando comprar um mangalarga marchador e queria pegar um orçamento.
— Os cavalos do haras do Osvaldo são uns dos melhores da região. E não falo isso só porque trabalhei lá por muitos anos. O cuidado com os cavalos lá é diferenciado. Você fará um belo investimento.
— Eu sei que vou. Há muito tempo estou planejando uma visita, mas estava sem jeito.
— Se quiser, posso mostrar a você os melhores cavalos lá. Não sei se alguns ainda estarão lá, visto que estou fora do Brasil há mais de um ano e não mantive contato com eles, mas acredito que a maioria ainda esteja lá. — Eu acabo divagando. Estou nervoso por ter que voltar lá depois de tudo. Uma parte de mim preferiria continuar onde estava, escondido da dor que fiz Laura passar, dos fantasmas do passado. Imagino que todos lá devam me odiar, e é por isso que não tive coragem de ir para lá ontem. Miguel continua falando sobre a compra do cavalo e eu mal o escuto, respondendo automaticamente. Quando chegamos ao haras, percebo vários carros espalhados pela propriedade e alguns na garagem, e a música infantil estava alta.
— Acredito que eles estejam dando uma festa infantil. — comenta Miguel.
— Estranho, porque eu me lembro que eles não têm nenhuma criança para dar uma festa infantil. — falo confuso. Miguel olha para mim sem jeito.
— Melhor voltar outro dia.
— Vamos dar uma olhada por aí. Qualquer coisa, falo com meu pai e ele te mostra os cavalos. — Convenci Miguel a me seguir.
— Tudo bem. — Então, os dois seguimos para dentro do haras, e a música infantil ficava cada vez mais alta. Quando chegamos onde estava acontecendo a festa, paramos, e o que vejo tira minhas palavras e me deixa aturdido.
— Oh, eu não sabia que a Laura estava comemorando o mesversário da filhinha... — Quando ouço Miguel falando sobre Laura e sua filha, sinto uma pontada estranha na cabeça, como um estalo. Não ouço mais nada além de um zumbido em meus ouvidos, com a voz de Miguel e o barulho da música infantil ao fundo, tudo se torna um borrão. Vejo Laura abraçada a um homem que beija o rosto da bebê, eles parecem tão íntimos, e eu fico ali olhando para a cena de uma família feliz. Eles sorriem um para o outro, ele beija o rosto de Laura e... e... eu engulo em seco, aperto minhas mãos em punho e continuo olhando para eles felizes ali. Algo dentro de mim ruge “poderia ser você”, mas não deixo que esse sentimento me domine, não quando não posso amar, quem dirá ter filhos. Eu nunca poderei ser pai, e essa constatação me deixa perturbado. Não sei se Miguel falou meu nome alto demais ou se alguém me viu e comentou que eu estava ali, mas naquele momento o sorriso some do rosto de Laura, seus lábios ficam brancos, e o cara que acredito ser o pai da menina segura as duas e beija os cabelos de Laura, falando algo em seu ouvido. Ela balança a cabeça, concordando. Eu não consigo enxergar nada à minha frente além do casal. O local que antes era pura alegria está agora em um silêncio sepulcral, até a música que tocava antes desapareceu. Todos olham para mim, como se eu fosse a porra da atração da festa, alguns estão surpresos, outros demonstram espanto. Minha mãe custa a se mover e se aproxima de mim cautelosamente.— Filho... eu... — minha mãe começa a falar, com a voz falhando.
— Não sabia que você estava no Brasil... quer dizer, não sabia que você chegaria, você não avisou. — Ela parece atropelar as palavras, e sua voz sai com falhas.
— Queria fazer uma surpresa. — Eu respondo de maneira dura, embora eu mesmo não entenda por que. Afinal, fui eu quem a abandonou. Olho para Laura, que se encolhe nos braços do homem que segura a bebê.
— Vou esperar a senhora em casa. Acredito que estou atrapalhando a família feliz comemorar o... — Eu paro e olho para os enfeites da festa e percebo que se trata de um mêsversário, algo que não entendo nada. — Enfim, podem continuar a festa. — Bato em meu chapéu, com o maldito tique que sempre aparece quando estou nervoso, e saio em disparada sem esperar uma resposta dela.
Não sei por que ver Laura feliz nos braços de outro homem me feriu. Sempre me orgulhei de não me apegar a ninguém, de ser um bicho solto, e aqui estou eu, sentindo. Não, isso não pode ser real. Eu sou um maldito idiota por sentir ciúmes daquilo que nunca poderia ser meu. Lembro das palavras de Osvaldo sobre sua filha casar com alguém próspero como Corrado, que ela nunca se envolveria com um simples peão. Aquelas palavras ainda estão frescas em minha memória, e eu só consigo pensar em rir da minha própria cara. Como pude ficar amarrado por uma boceta? Isso é inacreditável. Nego com a cabeça e bato novamente no meu chapéu. Sempre me vangloriei de ser alguém desapegado, e aqui estou, desestabilizado ao ver que a garota seguiu em frente. O que eu esperava? Que ela estivesse chorando por mim até hoje? Mas o que mais me surpreende é que eles já têm uma família. Será que?? Não... E por um momento, pensei que ela me amava, que eu havia feito com ela o que tanto repudiava. Sou um completo idiota.
Soco a primeira parede que vejo pela frente. Estou completamente fora de controle. Não tenho cabeça para falar com meus pais, não quero ouvir sobre a vida feliz de Laura, então vou até onde meu pai guardou minha caminhonete e entro nela, saindo em alta velocidade. Preciso sentir a adrenalina, algo que não seja...
Inveja?
Dor?
Ciúmes?
Será que eu tenho direito de sentir alguma coisa?
Mas, quem eu estou tentando enganar? Fui eu quem rejeitou Laura, quem a abandonou depois da sua primeira vez, quem disse que foi um erro. Fui eu que fiquei fora por mais de um ano. Não tenho direito de ficar com raiva e querer machucar alguém. Mas isso não diminui o sentimento de perda? Algo como um vazio. Como posso perder algo que nunca tive? Essa pergunta não sai da minha cabeça. Sigo o mais rápido que posso para o Vale do Café, na esperança de aplacar esse sentimento que nego existir dentro de mim, da única maneira que consigo.
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