01 • Vincent

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Escuto a risada longe e forço minha mente a voltar para a realidade

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Escuto a risada longe e forço minha mente a voltar para a realidade. Emily está sentada em frente à mim, explicando algo que não faço a mínima questão de absorver. Suas mãos balançam mais do que o normal, mostrando que está empolgada com o assunto. Aceno com a cabeça, como se me importasse com as palavras.

O telefone toca, me fazendo estender dois dedos na direção da mulher à minha frente, deixando de ouvir sua voz. A secretária não costuma ligar quando estou acompanhado, então pressuponho que é algo urgente.

— Senhor... — ela fala com a voz trêmula, sabendo que odeio esse tipo de intromissão. — O senhor Hall te espera na sala de reuniões.

Desligo o aparelho, não querendo dar a minha resposta para aquela frase. Emily abre a boca para continuar a me contar sobre o que quer que seja, mas o meu olhar severo a faz calar. Seus olhos penetrantes tentam entender o que está acontecendo, mas desiste assim que percebe que é algo maior do que podemos lidar.

Costumo falar que Emily é o meu pecado, a minha tentação na Terra. Seria tudo muito fácil, se não fôssemos o caos um do outro.

— Por melhor que esteja essa conversa... — começo a falar e noto seus olhos se revirarem, me fazendo abrir um sorriso de lado.

— Mentindo para mim logo de manhã? — Emily me corta e eu abro ainda mais o sorriso. — Hacker, você já foi melhor em fingir quando está entediado. O que foi, não valho mais os seus esforços?

Solto um riso, dessa vez se misturando ao seu. Como eu disse: seria fácil se não fôssemos caos.

— Em, realmente queria ficar a manhã toda te ouvindo falar sobre qualquer assunto banal, mas eu preciso ir — falo sem me importar em ter soado falso.

Nós sabemos que eu não me importo. Emily também não. Meu pequeno diabo sorri de uma forma falsa, me mostrando que aquilo terá troco. Já contabilizei nos dedos quantas vezes ela, de fato, conseguiu. Duas. As outras centenas foram só ameaças infundadas.

— Te espero para almoçarmos juntos? — ela pergunta enquanto se levanta e ajeita a roupa, como se fizesse alguma diferença.

— Não contaria com isso — respondo me erguendo, abrindo o botão de cima da minha blusa social.

— Jantar, então?

— Está mais insistente que o normal — respondo enquanto a encaro.

Normalmente não me importaria, mas é ela. Emily não é assim, pelo menos nunca tinha sido antes e isso me faz questionar. Ela abre um sorriso e enrola uma mecha de cabelo nos dedos, tentando mudar o foco do meu raciocínio e eu permito. Meus olhos seguem seus movimentos, como se estivessem hipnotizador por aquilo. Puro fingimento. Seus sentimentos não me importam, pelo menos não de fato.

— Te espero para o jantar, então — ela fala e eu só aceno, sabendo que isso é quase uma promessa em vão.

Emily se aproxima de mim, depositando um beijo em cada lado da minha bochecha. Tradição dos franceses que eu odeio. Ela ri, sabendo o tanto que me irrita, principalmente por deixar a marca vermelha do seu batom no meu rosto.

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