Vinnie Hacker.
Preso em uma teia intricada de destinos entrelaçados, Vinnie confronta não apenas seus inimigos, mas também os demônios que se manifestam através de um dilema desconcertante. Em um mundo onde o monstro conhece cada sombra do seu ser e...
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O nosso passado é algo que nem sempre nos orgulhamos. Ouço muitas pessoas falando que queria voltar a ser criança, mas, para mim, é algo que não passa pela cabeça. Qual a porra do problema em viver o presente?
Tive muitas decisões ruins que me fizeram ser a pessoa que sou hoje. Não posso falar que não me arrependo delas, mas isso também não faz diferença. Não consigo voltar no tempo e desfazer as merdas, então tive que aprender a lidar com isso.
Aos nove anos me mudei. Meu pai decidiu que era hora de me colocar num internato. Bryce não era seu filho biológico, mas eu percebia que ele o tratava melhor do que eu. Eu mais parecia um peso para ele do que uma benção. E o que poderia fazer? Eu era uma criança, não sabia da realidade das coisas.
Fiquei até os dezesseis afastada, até que pedi ajuda ao Bryce. Ele não pensou duas vezes e abandonou tudo para me socorrer, me deixando em dívida eterna com ele, mesmo sem nunca ter me cobrado nada. Sabia que ele tinha aberto mão de tudo por causa disso, mas ele o faria novamente se eu pedisse, mesmo sabendo do resultado.
Bryce era um bom irmão. Tentou compensar tudo que meu pai fazia. Ele é quase cinco mais velho, entendia mais do que eu. Ele sabia de muitas coisas que só viria a descobrir depois.
— Decidiu se vai me ajudar? — Bryce perguntou, me trazendo de volta para a realidade.
— Vinnie não pareceu disposto a ceder, Bryce — falei, não querendo aprofundar muito o nosso contato.
Vincent Hacker fazia parte do meu passado, um que deveria ficar escondido.
— Você é a única pessoa que conseguia fazer ele mudar de ideia, Olívia — ele rebateu, me fazendo suspirar.
— Éramos crianças, Bry — falei cansada. — E ele era meu melhor amigo, era fácil. Muita coisa mudou desde então, você sabe disso.
Foi a vez dele suspirar. Bryce sabia disso, mas, mesmo assim, me pediu ajuda. Era para a vaga de CEO ser dele, se não fosse por mim. Mas eu precisava de alguém. E eu só tinha o meu irmão.
Eu sou fodidamente egoísta e sempre pensei só em mim. Sabia tudo que ele perderia, mesmo assim recorri à ele. Bryce fez por mim o que nunca fiz por ele e o que provavelmente não faria.
Eu não merecia o irmão que tinha.
— Tudo bem, Liv — ele concordou, depositando um beijo no topo da minha cabeça. — Estou feliz que decidiu voltar. Já faz muitos anos que o pai morreu, não precisa se afastar mais.
Só concordei. Bryce, apesar de mais velho, não sabia da metade das coisas que aconteciam. E nem sei se vale o esforço de contar. Ele tinha a visão de um homem bom e certos segredos merecem ser empurrados até o túmulo.
Se ele foi gentil com alguém, foi com meu irmão. E agora está queimando no inferno, onde nos encontraremos algum dia. Nossos pecados lado a lado.
— Eu separei alguns vestidos para o baile de sábado — Bryce falou, fazendo a minha cabeça voltar para o presente. — Espero que goste de algum, sabia que não teria muito tempo para olhar isso, então procurei alguns modelos diferentes.
