4. Expressionismo

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O PRIMEIRO DIA DE AULA DO SEMESTRE me aterroriza mais do que um jantar com minha mãe, o que é dizer bastante. A fonte desse pavor iminente? Nada menos que a disciplina de História da Arte, a protagonista indesejada do meu início acadêmico. A ideia de enfrentar o desconhecido nesse contexto me deixa nervosa, pois sempre tive uma relação conturbada com datas, tendo reprovado em história mais vezes do que desejo admitir.

Ao meu redor, todos os alunos parecem infinitamente mais tranquilos que eu, uma mistura de calouros e veteranos. Conversam animadamente, trocam ideias em voz alta, e aproveitam os preciosos momentos de descontração antes que o professor entre em cena. Enquanto observo essa efervescência social, sinto-me como um peixe fora d'água, uma intrusa nas águas calmas da camaradagem estudantil. Me pergunto se algum deles compartilha do meu receio pelo que a História da Arte nos reserva neste semestre.

— Lá vem ele — alguém cochicha, e então se cala.

O ambiente é tomado por um silêncio solene quando o professor adentra a sala, seu crachá pendurado no pescoço sendo a única pista para sua identidade. Embora eu me esforce para ler o nome, ele se torna um emaranhado indecifrável, mas posso afirmar com certeza que seus olhos são azuis, seu cabelo é um tom de loiro que reluz sob a luz da sala, e ele ostenta um par de óculos de lentes redondas que lhe confere uma aura intelectual.

Zeke Yeager, o homem do momento, estampa seu nome com confiança no quadro usando um canetão azul, como se estivesse marcando território. Sua caligrafia imponente não deixa espaço para dúvidas sobre quem comanda a sala. Enquanto ele deixa sua assinatura visualmente impactante, eu me pergunto o que mais está reservado para nós nas próximas aulas.

— Bom dia — diz ele, sua saudação ecoando pela sala como o anúncio de um novo capítulo. Seus olhos percorrem a classe, parecendo analisar cada um de nós rapidamente, como se tentasse decifrar nossas expectativas e receios. Sua presença, marcada por uma aura de autoridade e curiosidade, deixa uma impressão duradoura, despertando minha atenção sobre a abordagem que ele adotará ao desbravar os caminhos da História da Arte conosco.

— Bom dia — respondemos todos em uníssono, uma sinfonia improvisada que revela a rápida formação de uma comunidade efêmera na sala. O olhar atento do Professor Zeke Yeager sugere que ele aprecia o gesto coletivo, como se a resposta unificada tivesse um significado mais profundo do que apenas uma saudação matinal.

— Como podem perceber, sou Zeke, o responsável por guiar vocês na fascinante jornada da História da Arte ao longo deste semestre. — Embora sua voz seja grave e imponente, a postura emana uma aura leve e descontraída, refletindo a abordagem descontraída, mas comprometida, que adota para o ensino. — Antes de iniciarmos nossa jornada, gostaria de compartilhar algumas diretrizes e metodologias que adotarei ao longo das aulas. Isso proporcionará a todos vocês uma compreensão clara do ritmo e abordagem que vamos seguir. Essas orientações não apenas estabelecem as bases para uma experiência educacional enriquecedora, mas também criam um ambiente colaborativo onde cada um de vocês pode prosperar academicamente. Estou aqui para facilitar a compreensão e a apreciação da arte, tornando nossa...

A porta da sala se abre abruptamente, interrompendo a atmosfera tranquila. O jovem que avistei mais cedo irrompe, ocupando o único assento vago sem sequer proferir uma simples "licença". Sua entrada põe em xeque minha memória: qual era mesmo o nome dele?

— Eren? — exclama o professor, surpreso com a entrada do aluno. Seu olhar momentaneamente perdido é logo substituído por um rápido check no relógio de pulso, assumindo uma postura mais formal em questão de segundos. — Parece que alguém decidiu dar um toque dramático à sua entrada. Está atrasado.

— Mas claro que vai me perdoar, não é, meu caro irmão?

Eren Yeager, Zeke Yeager. As peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. Eu sabia que reconhecia aquele sobrenome de algum lugar, mas estava tão tomada pelo receio em relação à disciplina de História da Arte que nem percebi a conexão evidente entre os dois. Ambos os irmãos compartilham não apenas o sobrenome, mas também os penetrantes olhos azuis.

𝐒𝐄𝐗 𝐀𝐍𝐃 𝐒𝐈𝐍, eren yeagerOnde histórias criam vida. Descubra agora