Ébano

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Sasuke sentia algo que nunca ousou sentir... Sentiu-se pertencente. Era como se pela primeira vez ele soubesse o que era um lar para retornar. Sua vida de duque e general, herdado por seu pai que sempre formara aliança com os Reis da linhagem Uzumaki não era dotada de paz.

Haviam muitos conflitos por ali, as maiores tentativas de invasão ocorriam pela floresta, logo era o lugar em que soldados especiais da coroa deveriam ficar. Por isso a localização do palácio de Amaterasu sempre deveria mudar ao longo da extensão da floresta. Os homens que Sakura e Ébano, ou melhor, Sasuke, viram naquela noite foram os responsáveis por se infiltrar em Amaterasu e tentarem enfraquecer Sasuke. Matá-lo, pois era um dos generais mais fortes do clã Uchiha, do oriente. Seu povo sempre viveu de aliança com os Uzumaki que tinham a habilidade de se transformarem em raposas gigantes, quase que maiores que os lobos.

Devido ao papel rigoroso de agir nas sombras, poucos sabiam da verdadeira condição que o duque carregava. Por isso vivia recluso. Para o restante da sociedade, ele era apenas um jovem e brilhante duque. Sempre fora um fardo muito grande para o rapaz carregar tal responsabilidade. Não pelo fato de servir ao melhor amigo, mas sim pelas transformações serem algo muito perigoso para as pessoas ao redor. O contexto de batalhas, poderes, metamorfoses e proteção o fazia crer que não deveria conectar-se com ninguém. Era soturno... E decepcionava e quebrava corações de jovens moças ao não permitir que se aproximassem. Mas a garota com cheiro de lavanda em seus braços... O nublava a mente a ponto de esquecer isto.

Sakura sequer havia saído de seus braços aproveitava o seu calor e sequer se importava que da cintura para baixo ele estava enrolado com um retalho que arrastava no chão.

Sasuke além de ser um jovem Fenrir, também era um nobre da alta sociedade. Sabia etiqueta e temia desrespeita-la ali a abraçando. Temia desonra-la, mas ele não conseguia soltá-la.

Ele podia sentir a lavanda em seus cabelos, a temperatura morna de seu corpo, e com muita timidez, o contorno dos seios dela contra seu tórax. Resolveu não se atentar muito a esta última parte por respeito a ela, entretanto, não estava certo sobre querer soltar seu corpo. Uma coisa inusitada ocorreu para o jovem duque... Algo que a muito não lhe contemplava, a felicidade. Ela se separou minimamente dele. Suas mãos repousavam em seu rosto, a sensação que tinham era de que eram amigos de muitos anos. Encaravam-se, ele com um sorriso sútil de olhar convicto, ela extremamente corada. Seu carinho no rosto dele era delicado, gentil. Não havia como não considerar caro leitor... Que eram feitos um para o outro.

—Só não precisava me jogar daquele jeito aos pés dos guardas e de lady Karin. -Disse ela fazendo-o rir. Sakura admirava seu sorriso, seus cabelos negros e revoltos em contraste com sua pele pálida lhe davam uma beleza singular.

—Confiamos nossas vidas a Karin. Ela sabe de nossa maldição, me reconheceu, sabia que eu queria que a protegesse dele. Tive que a arrasta-la antes que ele a pegasse. -A voz rouca e grossa soou. Os olhos dela brilharam mais em lágrimas que estavam para cair.

—Eu estaria morto se não tivesse me curado e cuidado de mim aquela noite. O que me pergunto até hoje é... Como uma menina franzina como você não correu ou desmaiou diante de
um lobo de quatro metros com cara de quem a devoraria. -Sasuke a fez gargalhar.

—Fiquei com dúvida se deveria me fingir de morta, ou correr... Mas se eu corresse... Haveriam monstros mais sombrios na floresta. -Sasuke a encarou confuso.

—Homens ruins. -Ela justificou tristemente. Sasuke a compreendeu, relutou com todas as suas forças para não toca-lá mais uma vez. Falhou, acariciou seu rosto com cautela que aos poucos virava fascínio. Era impossível ficarem longe um do outro. Possuíam a química correndo em suas veias. Ela ainda estava em seus braços. Sakura sentia seu coração bater muito rápido dentro do peito.

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