Quando a balança pende

Capítulo 13 - Orion

CAPÍTULO 13 - Orion

Não consigo mais raciocinar nada além de "essa mulher é maluca" conforme a conversa dela e daquela figura masculina que brotou do chão do meu apartamento desenrolava. Não conseguia acreditar naquela história toda, mesmo algo no fundo da minha mente martelando que eu deveria acreditar porque tudo era sim verdade.

Porém...

Anjos?

Ela é um anjo? Na minha sala?!

Ah, por favor.

Não vivo em Fallen.

– Venha, tirarei suas dúvidas.

Acompanho Uriel se sentar em meu sofá, cruzar as pernas embaixo de si e me olhar convidativa. Em seu rosto é possível ver um brilho do machucado que aqueles garotos fizeram e, antes de sentar ao seu lado, busco um pedaço de papel úmido para que ela se limpe.

– Aqui.

Agradecendo, bate a mão no estofado ao seu lado e se inclina levemente para onde me sento, atenciosa.

– Pode perguntar.

– Bom... tenho que reiterar que não acredito totalmente nessa história toda ainda, mesmo que o mágico anterior tenha aparecido no meio da minha sala tocando na minha cabeça.

A mulher aperta os lábios unidos, creio que se segurando para não me corrigir com o mágico, e acena para que eu continue.

– Então vou perguntar por perguntar mesmo, ok?

– Ok, à vontade.

– Quem era ele e como fez aquilo? – Aponto minha testa, a dela e subo os dedos em sinal de fumaça surgindo do carpete.

Ela gargalha, seus olhos sorrindo junto e brilhando como duas gemas ambar.

Realmente é algo bem angelical...

– Zadkiel é meu professor de fato, ele que me treinou quando era pequena. De luta, o que não sou muito boa confesso, até os meus deveres e ocupações com sua espécie. E nós possuímos uma conexão com suas mentes ao encostarmos em alguma parte de seus corpos, mas preferimos a cabeça por ser uma área complexa e mais neutra.

– Se você me encostar eu vou... te ver? – pergunto erguendo uma sobrancelha tentando achar lógica. Já a vejo, o que mudaria?

Nega com um aceno curto, a risadinha saindo de forma fofa.

– Não, claro que no atual momento não, usamos isso para poder entender certas situações ou dar algum conforto para quem ora por uma resposta, pedido ou caminho. Logo depois que cortamos o contato vocês costumam esquecer que nos viram e interagiram conosco. Menos as crianças e animais, eles desde pequenos nos vêem e chegam a brincar com a gente nas mínimas horas vagas.

Anoto o que me diz mentalmente para montar mais tarde o mapa mental sobre ela.

– E você disse que segue um tipo de reza específica.

– Sim, meu segmento é a justiça, o equilíbrio das ações e suas consequências. Vocês nos chamam e nós respondemos sem nem ao menos notarem.

Ouço do outro lado da porta de entrada o vizinho falando com o cachorro, o único barulho mais alto nesse andar. Aqui dentro estamos concentrados um no outro e até mesmo peixe parece encarar através do vidro do aquário a... anjo diante de mim.

– É... tá, e seu professor é o que, o diretor desse segmento?

– Não, ele apenas repassou a mim e meus irmãos de deveres o que sabemos. Mas não há, dentre nós anjos, uma hierarquia. Somos apenas nós, os arcanjos, nosso Criador e nosso Pai.