Capítulo 1 - O despertar: parte 4

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Capítulo 1 - o despertar: parte 4: razão para ter esperança

Minha casa

        Permaneço parado. Meus olhos vidrados no teto acinzentado, sentindo minha mente rodar em desfoque conforme formas se moldavam em imagens difíceis de interpretar, entrando em desarmonia com o ambiente ao redor, esperando as memórias se alinharem e minha mente clarear.

        Eu me acostumei a esses acordares repentinos durante o treinamento com minha avó, quando algo acontecia no mundo real que abalava meu corpo de alguma forma, éramos repentinamente retirados do sonho. Em compensação, se não deixássemos nossa mente se organizar, acabaríamos com ela parcialmente ainda presente no sonho, oque além de dificultar nossa separação entre os mundos, também poderiam resultar em esquecimentos e desmaios repentinos.

        Foquei na minha respiração. Uma pra dentro. Segura quinze segundos. Solta. Repito. Fechei os olhos, deixando que a escuridão momentânea facilitasse minha separação. Ouvia os tambores calmantes vindo do meu peito, sua força ressoando em minha cabeça.

        Abro os olhos, podendo vislumbrar os últimos segundos do sonho passando por minha mente. Viro meu corpo para a lateral e me levanto, cambaleante. Percebo a claridade invadindo pela janela, é dia. Oque não me deu uma percepção de tempo real de horas que estive no sonho. Após me espreguiçar, ligo meu celular, verificando a data e a hora.

        Arregalei os olhos, sentindo a surpresa explodir entre minhas emoções. Eu havia passado o restante da tarde e a noite inteira no Lunescape! Tal coisa explicava o motivo de eu estar me sentindo como se acabasse de ter sido atropelado.

        Troco de roupa após muito debater sobre levantar ou não da cama, resolvendo que visitaria Logan com meu conjunto moletom mais confortável, escolhendo com base em conforto e maior capuz, onde poderia me esconder do novo doutor. Ele tinha uma energia difícil de desvendar, e eu não gostava nada do que isso poderia significar.

Hospital, quarto do logan

        Minha entrada ao hospital poderia ser digna de um filme de ação. Vestido como alguém claramente suspeito, fui evitado até que conseguisse entrar no quarto do Logan — mesmo que os olhares que as enfermeiras me lançaram não tivessem sido dos mais amigáveis. Estava com medo que elas chamassem a polícia, mas consegui passar bons minutos apenas observando meu irmão em seu sonho sem interrupção.

        Eu poderia estreiar o próximo La casa de papel se continuasse assim.

        É desgaste o quanto me sinto ansioso em esperança sempre que venho visitar meu irmão, como se de alguma forma ele fosse acordar assim que eu saísse de vista, apenas para me deixar ainda mais nervoso por não ter estado lá quando desse seus primeiros sinais de movimento. Mas eu também sabia que era a melhor forma de ocorrer tal coisa, eu me conhecia, sabia que acabaria atrapalhando os médicos em algum momento apenas para estar ao lado do meu irmão, certificando, eu mesmo, de que ele estava bem. Seguro sua mão, dando um leve aperto.

        — Eu vou te tirar daí, mano. Mesmo que eu tenha que lutar contra o mundo inteiro – Prometo a ele.

        No instante seguinte sinto a mão de Logan se contorcer, como se estivesse sinalizando que ouviu minhas palavras.

        — Logan?

        Sinto meu peito apertar, o ar se tornando rarefeito de repente. Apoio minha outra mão acima da sua, apertando-as em uma prece silenciosa de desespero.

        — Logan, por favor...

        Suplico, mas ele não se move. Por um momento a dúvida de que o movimento foi real crava suas garras em seu braço, sugando toda a força de vontade e esperança que uso de pedestais para me segurar, impedindo minha queda para o abismo da ruptura.

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