Capítulo 2 - ilusões reais: parte 3

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Capítulo 2 - ilusões reais: parte 3: coração de um sonhador

Casa em lunescape

        De alguma forma perturbadora, quanto mais consistente se torna minhas voltas para Lunescape, mais confortável a viagem se torna, tão fácil de mudar que com um piscar de olhos já chego no mundo dos sonhos. Oque não me alegra tanto quanto deveria. Lunescape está entrando em minha mente de novo, contaminando meus sentimentos, me fazendo acreditar que devo estar ali. Mentiras. Não me agrado em estar pegando o jeito novamente.

        Troco de roupa, colocando minha capa e saio.

Caminho sussurrante

        Apesar de todos os meus sentimentos em relação ao mundo dos sonhos, a cada nova visita me sinto cada vez mais conectado a esse lugar, de uma maneira que todo o meu ser deseja se afundar cada vez mais nesta terra, seguindo Lunescape e destruindo o equilíbrio. É a magia de Luna: forte e irresistível.

        Meus olhos vagam pelo ambiente familiar e silencioso, as ruas vagas de pessoas. Encaro o céu, tentando identificar sua forma maligna quando ouço passos e a voz familiar do moranguinho:

        — Você de novo! – ele exclama, me reconhecendo de primeira.

        Me animo com a perspectiva de não ter que explicar novamente a ele quem eu sou.

        — Você de novo! – compartilho do mesmo entusiasmo, me perguntando oque meu eu mais novo pensaria ao ver a si sendo tão amigável com Ash

        Era curioso como em tão poucas interações recentes, considerando nosso histórico de quando mais novos, ao invés do sentimento de ressentimento e vergonha, partilhavamos de um companheirismo sem igual. Era difícil negar minha apreciação em nossas conversas, mesmo quando mais novos, Ash sempre esteve lá me ajudando quando eu não tinha coragem de recorrer a Logan, mesmo que em seguida eu acabasse implicando com ele por estar sendo gentil comigo.

        — Você gosta mesmo de vir aqui, não é? Deve ter algo de especial que te atrai – Ele comenta.

        — Falou o cara que esteve aqui todas as mesmas vezes – rimos juntos. Sinto uma energia crepitante no ar entre nós, algo açucarado e confortável, como algodão doce – além disso, minha vinda aqui foi com um objetivo! – exclamo como quem conta um grande plano dramático – tenho algo muito importante para fazer aqui.

        Ash apenas balança a cabeça levemente, de forma negativa, com um sorriso nos lábios e um resquício de vermelho claro nas bochechas.

        — Você não deveria vir aqui apenas porque tem algo para fazer – apoio as mãos no meu quadril.

        — Devo me desculpar por não apreciar a paisagem como deveria?

        — Eu entendi seu tom e sei que não é sincero, mas aceito as desculpas do mesmo jeito – tento prender um sorriso – você está indo pra onde? Talvez eu possa te levar até lá.

        Ele começa a caminhar, sem esperar minha resposta, se virando e indicando o lugar ao seu lado ao notar que eu não estava o acompanhando. Corro até o seu lado e voltamos a andar, como se fosse um ato tão recorrente que se tornou natural.

        — Eu vou para a academia – informo.

        —Então você definitivamente precisa de alguém para ir com você.

        — Por que? É perigoso? – a maneira alegre qual pergunto não condiz com a dúvida. Ash apenas ri do meu entusiasmo.

        — Sim – um flash da nossa conversa na taverna passa por minha mente – e eu estou indo nessa direção de qualquer maneira.

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