Mundoeu

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ele estava desbancado
fadado à um carinho fraco
de tanto esperar,
morreu necessitado,
chorando alto pelo amar.

estive cercado de sonhos maléficos, assustadores. em um deles afoguei-me em mar aberto, sozinho, coberto por inteiro com o que mais amava observar. o feitiço ricocheteou contra o feiticeiro. tudo o que fazia meus átomos serem meus agora me consomem, ferozes, sugando cada pedaço do meu corpo. eu poderia gritar aos pulmões. ninguém me ouviria mesmo assim. o mundo não girava em torno de mim. e isto era pacífico mesmo que devastador. por que eu? supliquei, dentro da cabeça prestes a transbordar junto ao mar. havia possibilidades. e mesmo assim, o raio caiu em minha cabeça dura. onde estavam os sinais? as estrelas cadentes? os espíritos virtuosos? por onde andavam os bem aventurados que salvariam um homem à se afogar? o mundo não girava em torno de mim. mesmo assim; quis ser o centro dele agora. agora quando perco os sentidos a cada milésimo de segundo. ninguém nunca nota as névoas pesadas que os outros carregam. flutuantes, enigmáticas. mas como ignoram o meu corpo sendo engolido por estas águas turvas? um dia julguei amá-las. e agora estou aqui. prestes a morrer. silenciado. preso, condenado. esquecido e obviamente invisível. o mundo não girava em torno de mim. definitivamente não. mas eu abraçava meus ossos ainda um pouco quentes, batendo os dentes com a força de um último suspiro. sob o mar nada além de um homem e seus últimos pensamentos. nunca imaginei um dia estar à beira do meu fim, não tão cedo. mas o mundo... ele não gira em torno de mim.

O fim da minha eterna adolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora