Numa conversa de mesa

5 0 0
                                    

existem coisas que ferem a superfície da pele. e há coisas que ferem a alma. ambos sangram.

ando vivendo errado? deixando-os me machucar com expectativas minhas.

as vezes perco a vontade de falar. vontade minha perdida das tantas vezes em que não quiseram me ouvir, não de verdade.

memórias que já nem me fazem sentido. nem delas as lembro com esmero, muito menos com carinho. não tenho lembrança. mas dizem como se aquela fosse eu, uma eu distante de quem agora sou.

por tantos desencontros de mim, despercebo quando me vou, solenemente, sem olhar para trás. agradeço a mim de cabeça erguida, com tristeza líquida embaçando meu rosto esguio e cansado. mas era de se esperar que eu fugisse de tudo isto um dia, mesmo nunca liberta.

e foram-se embora não de prontidão, mas de supetão dolorido. e eu ali deixei de sorrir, de rir de dentro pra fora, de gargalhar se isto são apenas sinônimos de ser feliz.

acorrentada, choro alto percorre o eco que meu peito faz. nada sinto, as vezes, quando deixo de pensar por milésimos de segundos. quero gritar com a garganta que agora sangra. e explodir entre mágoas, atingindo que estiver por perto.

afugenta dor minha. crescente, perto de sua nascente. dói e a dor machuca, estou machucada. ferida. por ademais esquecida, entre olhos para quem sempre tive esmero.

mas a solidão não se desculpa. me corta, me oculta, de tantas possibilidades da uma existência só minha.

O fim da minha eterna adolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora