O que você vê?

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Por três versos ou quatro, adianto: mudo a cada instante que escrevo. Posso odiar o cheiro extasiante de jasmim em um minuto e, noutro, sentir ânsia. E é assim que lido com tudo. Menos com intolerância. E outras coisas que envolvem política. E amor. E medos. Até mesmo aqui de mim discordo. Porque me odeio? Talvez, nem disso sei bem. Mas escrever vem me dado a chance de me compreender mesmo meio que nas entrelinhas, conhecendo-me quando me leio, após dias e dias. Venho me surpreendendo. Sou tão egoista que disse tão pouca coisa e só sobre mim mim e mim. Eu por aqui, "me" por lá. Eu de lá pra cá. Por que eu falaria de outro alguém? Eu de novo! E de novo. É de fato uma pista pra me odiar. Pois é, desisto. Em algum momento eu vou falar de outro alguém; disso é certeza. Porque o que seria de mim sem tantos outros e seus resquícios? O vitral de mim são os pedaços de todos eles. Sera que é por esta razão que tanto falo de mim? Do meu íntimo que, abafado, é sobre eles? Tanto pergunto e nada respondo. Eu não sei de nada. Mudo a cada frase. Odeio ter que escrever tanto sem dizer coisa com coisa. Me entende? Você que me lê? Aprende. Com quem nada sabe dizer. Leia um verso ou dois. Tem muita poesia aqui. Encontre alguém nelas; eu sei que tem. Também tem eu. E houve muitos nós. Você vai encontrar. E eu vou me achar. Me amar. E você também vai.

O fim da minha eterna adolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora