Casal de novela

1K 109 26
                                    

Natasha Romanoff

Passei a mão sobre o olho recém-avermelhado e grunhi pela dor; até a noite, estaria pelo menos roxo, mas não é como se eu não estivesse acostumada... Olhava-me no espelho com tristeza e um nó na garganta.

Como permiti que chegasse a esse ponto? Não tenho essa resposta, eu só... Deixei...

Eu a amava demais? Não, não se pode amar uma pessoa dessa... Ou pode?

Era pela nossa filha? Sim!

Seria a razão mais plausível aceitar tudo aquilo pela minha filha, que era meu mundo. Se não fosse por ela, nem sei o que aconteceria comigo, se estaria viva ainda, ou se estaria em uma situação pior.

Sempre busquei ser a esposa perfeita, o troféu de casamento. Afinal, tudo começou assim, com uma garota pobre tentando se destacar na vida, ou esperando ter a sorte de encontrar algum velho rico para notá-la. Foi o meu caso, mas não era uma pessoa mais velha; ela era até jovem demais.

Conheci minha esposa em um restaurante luxuoso no centro da cidade, onde eu vendia rosas na porta para os homens cortejarem suas esposas ou namoradas, essa era a minha maneira de sobreviver

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Conheci minha esposa em um restaurante luxuoso no centro da cidade, onde eu vendia rosas na porta para os homens cortejarem suas esposas ou namoradas, essa era a minha maneira de sobreviver.

Em um dia de trabalho como tantos outros, a vi saindo de uma Mercedes cinza, acompanhada por uma bela morena ao seu lado. Seus olhos encontraram os meus, foi como amor à primeira vista...

Ofereci-lhe uma rosa, e sua reação seguinte me surpreendeu. Ela quis comprar todas as minhas rosas, pagando-me um total de trezentos dólares, quase o triplo do valor que receberia se vendesse todas aquelas flores.

Eu hesitei, pois aquilo nunca havia acontecido; no máximo, compravam duas ou três rosas de uma vez. Mas ela comprou todas. Agradeci-lhe cerca de cinco vezes, mas sua ação seguinte me surpreendeu ainda mais: ela pegou apenas uma rosa e entregou à morena ao seu lado. Fiquei confusa; ela não levaria as outras? Contudo, antes que eu pudesse questionar, ela já havia entrado no restaurante. Depois disso, sentei-me em um banco do outro lado da rua, aguardando até que ela saísse para entregar o restante, talvez ela não tivesse lugar para guardar as flores.

Esperei por um longo tempo, o frio se intensificava, usando apenas um vestido um pouco surrado e tênis velhos nos pés. Observava as pessoas entrarem e saírem daquele restaurante, imaginando quando seria a minha vez. Teria um vestido bonito, igual ao das mulheres com corpos de modelo? Joias provavelmente de diamantes adornariam meu pescoço? Teria alguém para me amar daquela forma, me levando para jantar e tudo o que tivesse direito?

A resposta era simples: sim! Eu teria. No entanto, se soubesse o preço disso, teria continuado a vender minhas flores na porta daquele restaurante até conseguir me levantar sozinha.

Mas escolhi o caminho mais fácil, o caminho de Carol Danvers, filha de dois juízes. Para piorar minha situação, com um rosto bonito, influente e rica. Quem acreditaria em mim?

Quando finalmente a vi saindo do restaurante, corri até ela para entregar as flores. Ela me encarou enquanto abria a porta de seu carro, e um sorriso encantador surgiu em seus lábios.

- São para você - ela falou ao entrar no carro.

- Eu não entendi, senhora - respondi, provocando sua risada, provavelmente por tê-la chamado de senhora, pois sua aparência era o oposto disso.

- Comprei todas essas rosas para você! Uma flor merece outra flor - disse, e antes que eu pudesse responder, já tinha acelerado e partido.

Um sorriso brotou instantaneamente em meus lábios, mas não durou muito. Pessoas como ela nunca olhariam para pessoas como eu, provavelmente ela só havia sido gentil, mas se fosse apenas isso, seria ótimo!

Esse ato se repetiu diversas vezes. Carol passou a frequentar o restaurante e comprava todas as minhas flores, nunca levando nenhuma. Depois de um tempo, ela começou a ir sozinha, o que me intrigou. Teria terminado com a morena? Meu coração acelerava ao pensar que sim, mas minha mente me repreendia, trazendo-me de volta à realidade.

Até que ela me convidou para jantar com ela. Eu neguei centenas de vezes, não tinha roupas adequadas para um jantar naquele lugar, mas ela insistiu até me fazer ceder. Fui surpreendida quando Carol não me levou a um restaurante chique, mas sim a um McDonald's. Foi ali que percebi que estava completamente encantada e ferrada...

Ficamos juntas, namoramos, noivamos e casamos! Carol foi a minha primeira em tudo, e até o nascimento da nossa filha, tudo era perfeito, um casal de novela, de capa de revista.

Até eu levar o primeiro tapa!

Ultraviolence - Wantasha (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora