Excelência

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Natasha Romanoff

- Natasha! - senti sua voz grave me chamando, e um arrepio de medo subiu em minha espinha. Joguei água no rosto para disfarçar o choro e comecei a secar com a toalhinha. Ela apareceu na porta do banheiro e me encarou desconfiada.

- Sim - respondi baixo.

- Meus amigos vêm aqui hoje, vê se passa uma maquiagem pra tirar esse roxo na sua cara. - ela falou, parecendo sem paciência, e minhas mãos começaram a tremer. - E coloca uma roupa que fique boa em você, se é que tem né. Você está imensa!

- Tudo bem. - foi a única coisa que saiu dos meus lábios.

- Estou indo trabalhar, tchau! - ela falou rude.

- Bom trabalho. - desejei em um fio de voz. Ainda tentava, pelo menos para amenizar a situação entre nós.

Me virei para o espelho e desci meus olhos pelo meu corpo. Peguei na barra da minha camisola e a puxei para cima. Encarando meu corpo, eu tentava achar o que havia de errado. Por que ela não gostava? Pelo menos, não mais; ela costumava gostar... Eu me sentia esgotada, ativei o modo sobrevivência, onde apenas deixava tudo me levar, sem sentir mais nada.

Mas aí me perguntam, por que não a largou ainda? Se fosse fácil, já o teria feito. Lembram da filha de juízes? Ouço ameaças constantes, caso eu faça algo. Posso dizer adeus à minha filha, e ela não estava errada! Nunca dariam a guarda para mim, nem aonde morar eu tinha. Eu não tinha nada; tudo que tinha era dela. Toda minha vida desde os 18 anos foi completamente guiada por ela e agora com 23 anos e uma filha de 2, eu me encontrava presa nesse casamento.

Vivo em uma realidade onde várias mulheres vivem. Me identifico com aquelas que não têm coragem de denunciar, pois sabem que nada irá acontecer, e sinto uma certa inveja das que conseguem justiça.

Suspirei e passei meus dedos pelas marcas roxas em meu braço e os hematomas já antigos em minha costela; só piorava. No começo, era um tapa, um soco, depois foram os empurrões, os chutes... Mas eu aguento, aguento tudo pela minha pequena Jade.

Carol só tinha uma coisa boa: era uma ótima mãe. Jade a amava, e isso me dava ainda mais medo, de um dia ela escolher Carol quando a mesma finalmente quiser me descartar.

Entrei no chuveiro para enfim tomar um banho e tentar relaxar um pouco. Após longos minutos embaixo da água, saí me enrolando. Fui até o closet, peguei uma pomada e passei por meu corpo, na esperança de que aquelas manchas saíssem logo. Vesti uma blusa, cobrindo quase tudo. Não queria que os empregados vissem aquilo; ninguém sabe, pois tudo ocorre entre as quatro paredes do nosso quarto. E ninguém desconfia, pois Carol era uma santa perto de todos, mas comigo, por algum motivo desconhecido, era o próprio demônio.

Passei maquiagem, muita maquiagem, para cobrir literalmente tudo. Não podia deixar um roxo de fora.

Os amigos dela viriam aqui hoje, o que significa que ela iria beber, e se ficasse com raiva, provavelmente amanhã eu acordaria dolorida e com mais alguns hematomas pelo corpo. Gostava dos amigos dela, pareciam ser boas pessoas, mas não confiava o suficiente para contar algo. Eu os evitava ao máximo; faziam muitas perguntas, e eu me sentia sufocada, incapaz de mentir.

Como responderia que meu casamento é incrível quando sofro abusos constantes? Não dá, né!

Eu só queria uma salvação!

Eu só queria uma salvação!

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Ultraviolence - Wantasha (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora