𝙲𝙰𝙿Í𝚃𝚄𝙻𝙾:08

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27 de janeiro de 2023 | São Paulo - BR

Já havia passado de 00:00, já estávamos no dia seguinte. Eu seguia esperando notícias da minha sobrinha, mas não recebi nada. Ouvi a campainha da casa tocando e me assustei, estava muito tarde, estranho. A porta era daquelas que abria somente por dentro, quem estivesse do lado de fora precisaria de uma chave, mas mesmo assim estava assustada.

Fui lentamente até a porta e perguntei quem era antes de abrir, recebi um "é o Calleri" e respirei aliviada. Eu abri a porta e o vi com um sorriso meigo. Ele usava uma calça jeans preta, uma camisa branca e um tênis também branco, ele também segurava uma sacola nas mãos.

Posso ajudar? - Pergunto.

Eu posso entrar? - Ele pergunta.

Pode, claro - Abro espaço e ele entra.

Eu ainda estava com um pijama relativamente curto mas não me senti intimidada, o que era estranho. Talvez eu confie mais do que deveria nesse cara.

Eu trouxe algo pra você comer. Luciano que me pediu - Ele diz.

Tudo bem, chegou em boa hora. Eu estou com o estômago vazio - Digo.

Não sei se você gosta, mas trouxe comida japonesa - Ele diz.

Gosto sim, é uma das minhas favoritas - Solto um leve sorriso.

Ele me entregou a sacola e eu fui até a cozinha, ele foi me seguindo. Coloquei a comida em um prato de porcelana e me sentei em uma das banquetas, Calleri se sentou do meu lado.

Eu peguei o hashi e abri o pote de molho shoyu. Peguei um uramaki, mergulhei no molho e levei até a boca, apreciando o sabor. Percebi o Calleri olhando todos os meus movimentos, o seu olhar estava diferente, não sei explicar. Ele começou a encarar os meus olhos e a minha boca e eu desviei o olhar.

Você quer? - Pergunto e ele sai do transe.

O que? - Ele pergunta.

Um pouco? - Arrasto o prato até ele.

Não quero, obrigado - Ele diz.

Viu, o que aconteceu com a pequena? - Ele pergunta e eu o olho.

Kyara ficou o dia todo mal, eu disse que seria melhor levá-la ao hospital - Digo.

Entendi, é por isso que está tensa? Estou sentindo daqui - Ele diz.

Sim. Mandei várias mensagens mas não recebi retorno, quero saber como ela está - Digo preocupada.

Ela está bem, não se preocupe - Ele diz pegando na minha mão.

Eu o olhei um pouco assustada com a atitude. Acredito que ele tenha feito por impulso já que recolheu a mão bem rápido e deu um riso sem graça.

Está muito bom, preciso do contato do restaurante - Digo.

Qualquer hora eu te passo - Ele diz.

Como se sentiu estando no banco hoje? - Pergunto iniciando um assunto qualquer.

Pra mim foi ótimo, não estava com cabeça para me concentrar - Ele diz.

Posso perguntar por que? - Pergunto.

Acho que já posso começar a te pagar pelas sessões de terapia - Ele ri e eu o acompanho.

Eu terminei com ela - Ele diz e eu o olho surpresa.

E você está bem? - Pergunto.

Até que sim - Ele sorri levemente.

Fica tranquilo, pelo que você disse, logo se resolvem e tudo estará bem - Digo.

𝙰𝙿𝙴𝙽𝙰𝚂 𝚄𝙼 𝚂𝙾𝚁𝚁𝙸𝚂𝙾 | 𝗝𝗼𝗻𝗮𝘁𝗵𝗮𝗻 𝗖𝗮𝗹𝗹𝗲𝗿𝗶Onde histórias criam vida. Descubra agora