Capítulo único.

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O clima estava frio, mais frio do que o habitual. Jeongin já havia tirado sua batina, ficando apenas com uma blusa social branca acompanhada de um terço em seu pescoço. Era em momentos como aquele que seu corpo começava a tremer. Ele não tinha controle sobre isso, mas o padre sabia que não se tratava de medo, sabia que não temia a criatura que estaria ali em alguns instantes.

Devia ser considerado um pecado fazer aquele tipo de coisa logo abaixo do teto sagrado, não é? Deus estaria decepcionado com ele, é o mais óbvio a se pensar. No entanto, Jeongin não enxergava dessa forma.

Ele estava fazendo um sacrifício, estava protegendo as suas pessoas da forma que conseguia. E se a forma seria ceder o seu próprio sangue para alimentar uma besta assassina centenária, ele ainda o faria.

- Você deve estar no mundo da lua, padre.

O sussurro ecoou no pé do seu ouvido, fazendo Jeongin pular de susto e se virar abruptamente, encarando o homem que carregava consigo um sorriso prepotente.

Bangchan. Era esse o seu nome.

Como se tivesse parado no tempo, aquele vampiro usava roupas que já não eram vistas há décadas. O mais interessante era que elas estavam sempre em perfeito estado, como se, assim como ele, elas também não envelhecessem. Seus acessórios eram em grande maioria de prata, usava anéis, colares e até mesmo brincos em suas orelhas.

Jeongin sentia pena daquela alma.

- Só faça logo o que você veio fazer.

- Oh? Está apressado? - Sua voz mantinha sempre um tom irônico, como se ele estivesse com o mundo em suas mãos - Pra que tanta pressa? Você tem um encontro? Eu deveria ficar com ciúmes, padre?

- Pare com essas baboseiras. - Jeongin o encarou com raiva e andou até um pequeno sofá acolchoado - Eu não tenho encontros.

Ele se sentou no sofá, tirou seus sapatos, deitou ali em seguida e evitou o máximo possível olhar para Bangchan.

- Não tem encontros? Eu não sou nada pra você?

- Por favor... - Ele fechou os olhos tentando manter sua paciência que raramente ficava intacta quando ele se encontrava com Bangchan - Só faça logo e vá embora.

- Eu até continuaria te irritando, mas estou com muita fome hoje.

O vampiro ficou sobre um dos joelhos ao lado de Jeongin. Ele estendeu a mão de forma elegante para que o padre retribuísse aquilo, o que não demorou muito. Os olhos de Jeongin corriam dele como se olhar para ele fosse um pecado, mas com a mão trêmula contra a sua, Bangchan sorriu travesso e alisou gentilmente suas digitais, comparando o tamanho de suas mãos juntas.

- Interessante... Suas mãos são maiores que as minhas. - Ele sussurrou por conta da proximidade. Quando Jeongin tentou quebrar o contato, Chan agarrou seu pulso e o trouxe para perto do seu rosto - O cheiro do seu sangue, padre... - Sorriu passando o nariz sobre a pele quente do humano - É o melhor que eu já senti.

Ele podia tentar disfarçar, mas o seu corpo fazia o contrário. Suas orelhas vermelhas e respiração desregulada o entregavam mais do que ele gostaria, mas Jeongin tinha certeza de que nunca cairia nas provocações daquele ser. Acreditava que era apenas mais uma provação que ele teria que passar. Acreditava que no fim de tudo, sua fé ainda seria a mesma.

- Faça de uma vez.

- Posso tornar isso menos doloroso para você.

Era o que ele dizia todas as noites, desde o primeiro dia até agora, mesmo sabendo a resposta de Jeongin, Chan ainda perguntaria.

- Não, faça como sempre faz.

- Você pode não acreditar, mas eu não gosto de fazer você sentir dor, sabe, padre? - Ele finalmente olhou para Chan com os olhos raivosos e afiados como lâminas - Não me olhe assim...

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