8. Tic-tac: é hora do chá

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Encontrei Robinho em uma situação bem ruim, ele estava muito ferido e a recuperação dele levou semanas.

Anne tinha feito um bom trabalho com ele, apesar de tudo, e eu seria extremamente grato a ela por isso.

As semanas se passaram rápido e a comunidade voltou a se acalmar, Samuel havia me deixado em paz durante esse tempo de recuperação do irmão dele. Depois daquela nossa briga eu não sabia se ele finalmente havai desistido de mim ou se estava apenas esperando o momento certo.

Minhas férias acabaram e parece que todo esse período durou meses. Por fim, tudo estava voltando a seu lugar.
Samuel havia me deixado em paz, às vezes que fui em sua casa cuidar de seu irmão ele não estava, ou pelo menos não saia do quarto para não me encontrar.

Parei de frequentar os bailes e voltei a focar no meu trabalho. Fiquei um bom tempo pensativo e iria conversar com Anne para que nos mudássemos. Estávamos trabalhando e não havia mais necessidade de morarmos na favela. Por mais que eu amasse minha casinha, não queria mais correr o risco de contar com a sorte, em poucas semanas por diversas vezes eu quase morri.

Quando foi uma quinta-feira pelo fim da manhã, acordei disposto a conversar com Anne sobre isso, contudo, ele já havia saído. Me arrumei e desci o morro até o ponto de ônibus, disposto a conversar com ela quando voltasse do trabalho.

Estava tranquilo no ponto de ônibus quando um carro parou do outro lado da rua e buzinou pra mim.
Obviamente ignorei pois não sabia quem era, mas levei um verdadeiro susto quando vi quem saia do carro.

Com seus dois metros de altura, o Tenente Erick saiu de seu carro e veio andando em minha direção. Ele vestia uma blusa social preta, uma calça Jeans apertada e estava com um óculos escuro que dava um verdadeiro charme. Eu não conseguia tirar os olhos daquele peitoral naquela blusa social, era simplesmente tentador.

-Será que eu posso te levar para o trabalho? - disse ele assim que se aproximou

-O que está fazendo aqui? - perguntei assustado - você quer arrumar problema pra você? E se os meninos da boca virem você aqui? Está doido?

-Bom, eu não tinha seu telefone, você não me passou. A única coisa que eu sabia é que você morava aqui no morro. Tive que vir, ué.

-É melhor você sair daqui, alguém pode te ver.

-Eu saio se você vir comigo - disse ele me puxando pelo braço.

Resolvi aceitar a carona dele para evitar que ele ficasse exposto ali perto do morro. Samuel com certeza tem seus meninos vigiando tudo naquela área, e ser visto com ele com toda certeza me traria problemas.

-Me diz o que veio fazer aqui? - perguntei enquanto ele dirigia por um trajeto totalmente diferente do meu trabalho. - podia ter me encontrado no hospital, não era melhor?

-La você estaria ocupado - disse Erick - eu queria um tempinho com você.

-Comigo?

-Sim, com você. Você me colocou em um problema gigante.

-Está tudo bem com sua cirurgia? - perguntei assustado.

-Sim sim, não é isso. - ele disse rindo - É que eu tenho uma filha que não aceita um não como resposta, e parece que tem um super herói que disse que tomaria um chá com ela e todas as bonecas, sabe? Então eu precisava te sequestrar bem rapidinho.

-Erick? Isso é um sequestro? - falei rindo

-Olha, a Isa é pior que os caras da boca do seu morro, não tem como negar nada a ela.

-Primeiramente, eu duvido que aquela anjinha seja isso tudo mesmo, e outra coisa, eu tenho que trabalhar!

-Ta bom, talvez ela não seja esse terror todo, pode ser que eu que gostaria de te ver depois de tudo que aconteceu e...

Apaixonado pelo perigoOnde histórias criam vida. Descubra agora