7. Tiros e lágrimas

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Naquela época eu ainda não podia dizer, mas aquelas 4 horas de cirurgia seriam muito importantes para minha vida. Quando finalmente finalizamos, fui a sala dos médicos, tomei um banho quente e deitei um pouco, esperando que alguém me acordasse no primeiro sinal de notícias sobre o policial.

Passaram-se aproximadamente 3 horas quando senti meu celular vibrar no meu bolso, me fazendo despertar do pesadelo que eu estava tendo. Em meu pesadelo, eu estava em pé frente a uma parede braca, e apontando armas em minha direção estavam Robinho, Samuel e vários policiais. 

-Alô - atendi o telefone com voz de sono

-Como vocês está? Te procurei pela favela toda e não te achei, eu fiquei preocupado - dizia uma voz rouca do outro lado da linha - Como você some assim no meio de um tiroteio, tu ta maluco?

-Robinho, a Anne não...

-Robinho? - disse a voz do outro lado da linha - porque caralhos meu irmão fica te ligando?

-Samuel? - perguntei surpreso

-Quem mais seria nessa porra?

-Eu achei que...

-Você e meu irmão estão tendo um caso? - disse ele rispidamente - me responde a verdade agora.

-Por favor Samuel, eu estou cansado e não preciso te dar satisfações, ou você esqueceu de como me tratou na noite de ontem? Como se eu fosse um lixo, um merda.

Durante alguns segundos só restou o som de nossas respirações na linha, e depois, como um presságio de que algo ruim fosse acontecer, o silêncio.
Samuel havia desligado a chamada.

Peguei meu celular e enviei mensagem para Anne informando que estava tudo bem, mesmo que com toda certeza que essa altura eu já tivesse virado assunto no hospital. Uma cirurgia com o chefe geral não é para muitos né.

Meu bip tocou me fazendo levantar rápido e correr em direção a sala que o policial estava em observação. Minha cabeça já estava se preparando para o pior, com toda certeza eu fiz algo errado. Aquilo custaria a minha carreira.

Corri de forma desesperada pelos corredores, e ao chegar na sala tudo parecia estar calmo. Vicente estava escutando os batimentos cardíacos do Tenente, e ele estava de olhos abertos encarando-o.

-Olha ele ai - disse Vicente - esse foi o homem que salvou sua vida.

-Está tudo bem? - perguntei surpreso - que dizer, muito prazer, Yuri, residente da Cárdio.

-Inclusive é um grande disperdício você ser residente da cárdio, acho que deveria voltar para o trauma.

Fiquei surpreso e envergonhado ao mesmo tempo. Receber um elogio daqueles de um Chefe não era pouca coisa.

-Olá, Yuri! - disse o Tenente me fazendo olhá-lo pela primeira vez.

Em uma análise rápida, acredito que ele deveria ter cerca de 1 metro e 92 de altura, era branco, loiro, bem forte por conta de sua profissão e possuia um par de olhos muito bonitos, que deixaria qualquer garota apaixonada à primeira vista.

-Me chamo Erick, Tenente Erick. Como posso te agradecer por ter salvo a minha vida?

-Só em você não morrer já é um grande agradecimento pra mim.

Erick deu um risinho e pude perceber que ele sentiu um pouco de dor, mas antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa fomos interrompidos por uma enfermeira que entrava na sala acompanhado por uma senhora e uma criança.

-Papai - disse a menininha correndo em direção a ele e pulando em cima da maca - você me assustou!

Imediatamente, quando ela pulou na maca, antes que ela pudesse o abraçar e o machucar peguei e a segurei no colo, foi em fração de segundos.

Apaixonado pelo perigoOnde histórias criam vida. Descubra agora