6. Quero seu amor

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Samuel foi embora e eu fiquei ali por alguns minutos tentando entender tudo o que estava acontecendo. Por um momento pensei em nem ir para o baile, mas não queria dar margem para Anne achar que tivesse algo de errado.

Tomei outro banho, coloquei minha roupa e fui ao baile. Aquela noite parecia ter algo diferente, eu estava com uma sensação ruim, de que alguma merda pudesse acontecer.

Subi as ruas do morro e já estava escutando umas músicas tocando. O baile aquele dia era das antigas.
Desde quando Robinho era o de frente do morro, uma vez por mês ele fazia um baile apenas com as músicas antigas, acho que era uma maneira de valorizar tanto os djs quanto os cantores raiz que deram origem ao funk.

Cheguei na quadra da comunidade onde estava acontecendo o baile e passei um olhar rápido em busca de Anne, e para minha tristeza ela e o namorado estavam em uma área reservada, junto com Robinho. Pensei em voltar pra casa mas ela me viu e acenou.

O problema não era estarem coma Robinho, é que eu sabia que a qualquer momento Samuel ia aparecer junto. Afinal, eles eram irmãos né.

Andei em direção a eles contra minha vontade.
Depois do que tinha acabado de acontecer acho que não seria legal eu ficar perto de Robinho. Mas o que poderia acontecer, não é mesmo? Estávamos em público.

Fui até onde eles se encontravam e assim que cheguei percebi que todos já estavam um pouquinho alto por conta da bebida.

-Quero seu amor, só pra mim - Robinho veio andando em minha direção cantarolando a música que tocava.

Naquele momento fiquei congelado. Não sabia o que fazer.

-Deixa eu te querer, deixa eu te amar - disse ele em meu ouvido.

-Mc Marcinho, né? - perguntei tentando disfarçar a nossa proximidade.

-Sim, é quase uma poesia pra quem está apaixonado.

Naquele momento eu não sabia o que responder, e para minha sorte, Anne se aproximou e me entregou uma lata de cerveja.

-Bora beber que você ainda tá de férias - gritou ela.

Rapidamente peguei a lata da mão dela e a puxei para perto de mim. Não sei se ela percebeu algo ou não, mas ela ficou um bom tempo ali comigo dançando.

Passado alguns minutos finalmente comecei a relaxar e beber. Robinho saia e voltava toda hora para ver se estava tudo bem pelo baile e nós ficamos apenas curtindo.

Algumas horas depois o efeito do álcool já começava a bater e eu estava ficando bem alegrinho. O DJ tocava um funk mais atual e todos pareciam se divertir bastante.

Tudo estava bem até que foi possível escutar alguns barulhos de tiros de forma continua. Rapidamente, procurei por Anne e Gabriel e andei na direção deles.

-Fica perto de mim - disse Robinho se aproximado da gente, tirando a arma da cintura e carregando.

-Robinho? Robinho? - eu repetia de forma desesperada o nome dele, talvez fosse uma mistura da adrenalina com o álcool, eu não sabia muito bem.

-O que tá acontecendo? - disse Robinho me ignorando e pegando um rádio na cintura esperando uma resposta.

"PM invadindo, teu irmão fez alguma merda aí mano"

-Filho da puta! - gritou ele no rádio - onde eles tão agora?

"Tudo lá em baixo ainda, mas vai dar k.o"

-Os três pra casa agora - ele disse olhando em meus olhos - eu não vou deixar nada acontecer contigo.

Gabriel puxou a mim e a Anne pelo braço e começamos a correr pra casa. A adrenalina estava tão alta que acho que todo álcool que tinha em meu corpo já estava começando a ir embora.

Apaixonado pelo perigoOnde histórias criam vida. Descubra agora