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STELLA NARRANDO
Depois que todos foram embora, restaram apenas nós três: eu, Sofia e Blackoutt. Sofia já estava dormindo no colchão no chão do meu quarto, enquanto eu e Blackoutt estávamos sentados na cama, conversando. Falávamos sobre várias coisas, desde batalhas a amigos, passando até por histórias antigas.
- Você é mesmo insuportável às vezes, sabia? - Blackoutt comentou, me provocando com um sorriso.
- Eu? Insuportável? Olha quem tá falando - retruquei, dando uma risada e empurrando o ombro dele levemente. Ele retribuiu o empurrão de volta, rindo também.
Ficamos em silêncio por um momento, e nossos olhares se encontraram. Não havia tensão, só uma curiosidade natural. Estávamos próximos, e parecia uma daquelas cenas em que, por algum motivo, faz sentido testar os limites da amizade. Ele olhou pra mim com um sorriso meio bobo e se aproximou um pouco mais.
- Acha que isso é estranho? - ele perguntou, quase sussurrando.
- Talvez... - respondi, mas sem me afastar.
E antes que qualquer um de nós pensasse demais, nos beijamos. Foi um beijo rápido, sem muita expectativa, mais como um teste do que qualquer outra coisa. Quando nos afastamos, nos olhamos e começamos a rir.
- É, não rolou - falei, balançando a cabeça.
- Definitivamente não - ele concordou, rindo junto comigo.
Depois disso, ficamos em silêncio por um segundo, até ele estender o dedo mindinho para mim.
- Vamo jurar que nunca mais vamos fazer isso? - Ele estendeu o dedo mindinho para mim.
- Vamos - falei, e juntei nossos dedos. Nós dois começamos a rir, um riso leve que aliviou a tensão.
- Tá pensando em outra, né? - perguntei, percebendo o brilho nos olhos dele, que já se desfocavam de mim.
- Você me conhece demais! - Ele sorriu, animado. - Conheci ela no último Ana Rosa, e, cara, ela é muitooo linda!
- Me mostra uma foto dela - falei, contagiada pela animação dele.
Blackoutt pegou o celular que estava jogado na cama, abriu o Instagram e começou a pesquisar o perfil da garota.
- Uau, ela é realmente linda! - disse, pegando o celular da mão dele para ver melhor. - Já conversaram por mensagem?
- Ainda não. Ela não me chama e eu não vou chamar ela - ele respondeu, dando de ombros.
- Então eu vou chamar! - falei, rindo e entrando no direct dele para mandar um "oii".
- STELLA, SUA PUTA, EU VOU TE MATAR! - Blackoutt gritou, vindo pra cima de mim, e acabou me derrubando em cima da Sofia.
- Ai, porra... - Sofia resmungou, abrindo um olho, o outro ainda fechado.
- Tá tudo bem vocês duas? - Blackoutt perguntou, me ajudando a levantar.
- Claro, sempre acordo com alguém caindo em cima de mim, super normal - Sofia falou irritada, com sarcasmo.
- Ha. Ha. Ha. - Blackoutt fingiu uma risada, e nós dois caímos na gargalhada, enquanto Sofia revirava os olhos.
[...]
Eram nove e meia da manhã, e eu e Sofia éramos as únicas acordadas da casa. Ela estava na cozinha, fazendo um pão na chapa, e eu estava ao lado dela, fumando e fazendo companhia, já que não estava com fome.
- Hm, eu e o Blackoutt nos beijamos ontem - falei, soltando a fumaça devagar.
- OI? Repete isso! - Sofia virou pra mim, os olhos arregalados de surpresa.
- Eu e o Blackoutt nos beijamos ontem - repeti, rindo da reação dela.
- Vocês o quê?! - Pedro entrou na cozinha, surpreso, interrompendo a nossa conversa.
- Pra que repetir? Achei que quem ouve conversa dos outros já tem uma audição boa - retruquei, olhando para ele. Pedro revirou os olhos, pegou uma garrafa de água e saiu da cozinha sem dizer nada.
- Continuando... foi assim: a gente tava conversando de boa, aí nos beijamos, mas acabamos chegando à conclusão de que não tem química - expliquei, dando de ombros.
- Tá, mas e quando foi a parte de você me amassar? - Sofia perguntou de forma dramática, fazendo-me soltar uma risada.
- Depois ele me falou de uma menina que conheceu na BDA e não tinha coragem de mandar mensagem pra ela. Eu fui lá e mandei por ele, e ele me empurrou. Eu fui direto em cima de você! - falei, rindo da situação. Sofia começou a rir junto, e eu terminei o cigarro, apagando-o na minha coxa.
- Já falei pra você parar de apagar cigarro na sua coxa, usa um cinzeiro, por favor! - Sofia me repreendeu, olhando séria.
- Preguiça - respondi, sem muita preocupação.
Foi nesse momento que minha mãe entrou na cozinha, me lançando aquele olhar de desaprovação.
- Stella... eu já falei pra você parar de fumar dentro de casa. Vai fumar lá na sacada! - ela reclamou, tentando soar paciente.
- É, Stella, vai fumar lá na sacada - Pedro entrou novamente na cozinha, imitando minha mãe com uma voz debochada.
Olhei para ele, revirando os olhos e soltando um suspiro exasperado.
- Pedro, vai arrumar o que fazer - rebati, e minha mãe só balançou a cabeça, rindo um pouco da nossa troca de provocações.
