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STELLA NARRANDO
- Eu vou fazer uma live - falei, pegando meu celular novamente.
- Pra quê? - Pedro perguntou, curioso.
- Pra ter certeza que você não vai fazer nada - respondi, sem dar muitos detalhes.
- Stella... se eu for fazer algo, não é uma live que vai me impedir - ele disse, rindo de lado, enquanto eu revirei os olhos.
Liguei a live no TikTok, e algumas pessoas começaram a entrar rapidamente.
- Gente, eu estou indo pro Rio de Janeiro porque estou sendo obrigada - disse, forçando um tom dramático.
- Mentira, ela tá indo porque quer. Ninguém chamou - Pedro respondeu, me lançando um olhar provocativo.
@user1: Stella e Dopre sentados juntos? O mundo tá acabando mesmo!
- Gente, é porque a Sofia me trocou, vocês acreditam? Foi sentar com outra pessoa e me deixou aqui com esse daqui - expliquei, olhando para Pedro com cara de insatisfação.
- Você é tão sonsa - ele disse, revirando os olhos.
- Você trouxe água? - perguntei de repente, mudando o foco.
- Não, mas trouxe energético - respondeu ele, exibindo a lata.
- Eu queria água... Alguém trouxe água? - perguntei alto, e um coro respondeu "não" em uníssono. - Meu Deus, quantos anos vocês têm pra não trazerem água pra uma viagem de sete horas? - falei indignada.
- Você também não trouxe - Pedro retrucou.
- Eu tenho que cuidar de um bebê, Pedro. Isso é mais importante que água. E você não cuida nem de si mesmo! - rebati, enquanto ele fazia cara de ofendido.
- Nossa, tô me sentindo ofendido - disse ele, colocando a mão no coração, teatralmente.
@user2: Ste, tu disse que ia explicar sobre ter virado mãe e esqueceu!
- Verdade, né, gente, nem contei. É que uma louca deixou a Liz comigo pra cuidar e depois sumiu. Agora sou responsável por ela - expliquei rindo. - Essa é a história resumida.
- E eu sou o padrinho! - Brennuz gritou lá do fundo, me fazendo rir.
- É, gente, ele é o padrinho e a Sofia é a madrinha - completei.
- E eu? Não vai falar de mim, não? - Pedro perguntou, cruzando os braços, se fazendo de ofendido.
- Pra quê? - falei desinteressada, e ele pegou meu celular da minha mão.
- Eu sou o pai, e a Liz gosta mais de mim do que dela - ele disse, mostrando a língua para a câmera.
- Nossa, que mentira! - falei, entre os dentes, enquanto me inclinava para deitar minha cabeça em seu ombro.
- Opa! - ele disse, tirando minha cabeça do ombro dele. Olhei para ele, irritada. - Tu disse pra eu não encostar em você.
- Nossa, Pedro, vai tomar no seu cu- falei, colocando as pernas no banco e encostando as costas na janela, me afastando.
- Gente, eu afasto ela um pouquinho, olha onde ela vai parar! Daqui a pouco vai sentar no lugar do motorista - ele disse rindo.
- Me dá meu celular - falei, pegando o celular da mão dele. - Vou desligar a live, porque tô ficando sem bateria e vou cometer um assassinato. Beijão, amo vocês! - falei, mandando um beijo para a câmera antes de encerrar.
- Até os fãs ganham beijo e eu não - ele reclamou, puxando minha perna para que eu deitasse no banco.
- EITA, QUE POUCA VERGONHA É ESSA QUE EU TÔ ESCUTANDO? - Barreto gritou do fundo do ônibus, me fazendo rir.
- Menino, sossega! - falei, me sentando e dando um tapa no braço de Pedro.
- Ai, não me bate, senão eu me apaixono - ele disse, fazendo bico, e eu soltei uma risada.
- Você gosta de apanhar de mulher bonita, né, Dopre? - Jotapê provocou, e ouvi Sofia rir ao fundo.
- Tá se achando o comediante hoje, né, Jotapê? - Pedro respondeu, e Jota só riu, debochado.
- Ô, Brennuz, minha filha tá viva? - perguntei alto, já que não conseguia ver Liz.
- Tá dormindo! - ele respondeu, me tranquilizando.
- Você não confia nele, não? - Pedro perguntou, chegando perto do meu rosto.
- Eu não confio em você tão perto do meu rosto desse jeito - retruquei, olhando por cima do ombro dele, vendo que os assentos ao lado estavam vazios.
- Tá me dizendo que não tem autocontrole suficiente? - ele perguntou, fixando o olhar na minha boca.
- Eu não disse isso - respondi.
- Mas deu a entender - ele disse, se aproximando mais. - Eu gosto dessas suas duas tatuagens - comentou, passando a mão suavemente pelo yin-yang na minha costela.
Antes que ele pudesse ir mais longe, um barulho alto soou no ônibus, nos interrompendo.
- Meu Deus, o que aconteceu? - ouvi Kakau perguntar preocupada.
Apoiei os joelhos do meu banco me incluindo pra ver o que aconteceu no e vi Tavin deitado no chão.
- Eu caí - Tavin respondeu, todo desajeitado, o que me fez soltar uma risada.
- Quem mandou ficar sem cinto - Maria comentou, tentando parecer sábia.
- Mas você também tá sem cinto! - Brennuz observou.
- Mas eu não caí - Maria respondeu, como se fosse óbvio, arrancando uma gargalhada de todos ao redor.
Voltei a me sentar, percebendo que ainda estava muito próxima de Pedro.
- Você vai ficar mesmo praticamente em cima de mim com essa roupa? - ele disse, olhando para mim. Revirei os olhos e me sentei no banco de novo.
- É só não olhar, se você não tem autocontrole, o problema já não é meu..
- Desgraçada - ele murmurou, se ajeitando no banco, visivelmente tentando se concentrar em qualquer outra coisa.
O clima entre nós estava ficando tenso, e eu sabia que seria uma longa viagem até o Rio. O ônibus seguia seu caminho, e a Liz continuava dormindo, alheia a toda confusão ao seu redor.
Engraçado como tudo parecia caótico, mas ao mesmo tempo, essas eram as pessoas que tornavam tudo mais divertido e especial.
O silêncio confortável durou alguns minutos, até que Pedro começou a cutucar minha perna de novo.
- Você realmente não tem jeito, né? - falei, tentando parecer irritada, mas uma pequena risada escapou dos meus lábios.
- Eu sei que você gosta de mim, Stella - ele disse com um sorriso convencido.
- Gosto tanto que tô aqui, sem água e sem paz - retruquei, rindo.
O ônibus balançava suavemente, e aos poucos o grupo começou a se acalmar, cada um achando seu lugar para se acomodar para a longa jornada. Mais uma viagem louca com os amigos.
