Orgulho esnobado
Que me esnoba.
Orgulho que me torna
Solitária,
Pois tornou-se isolado
Quando se negou a admitir
Que não admite sua necessidade
De falar sem omitir.
Não percebe que me esgota,
Não me nota,
Não olha nem para si.
Orgulhoso demais.
Não admitiria, jamais,
Que está bem aqui,
Onde me nego a notar,
Onde me nego a olhar.
Prefiro ignorar a mentir.
Doença
Que devora,
Que corrói,
Mas me evita.
Nega-se a admitir
Que necessita
De uma alma para destruir
Cada parte,
Cada espaço
Que, em mim, sobra,
Que, em mim, habita.
Faz-me agir como
Alguém que transforma
Cada feito, cada fala,
Cada toque, cada forma
Em mero estoque.
O orgulho estoca
Todo ato iminente.
Então me sufoca
Com tamanha falta
E me ensurdece
Com o som estridente
Que produz ao explodir,
Pois seu vazio é finito.
Não lhe resta, não lhe cabe mais nada.
Restam-me, agora, queimaduras
De um fogo instável e aflito.
É melhor esperar
Por aquilo que parta de ti,
Esconder-me,
Omitir.
É melhor te livrar
Do meu lado que anseia
Por ter aqui.
Dizer-te
Que até isso o orgulho me roubou:
O Admitir
Do meu amor por ti
Que não se queimou.
Reconheço, agora,
A mim e ao meu amor.
Meu orgulho não foi queimado,
Foi perdido.
Agora não o vejo,
Não o noto, mas o reconheço.
Ele está por aí, isolado,
E eu estou aqui
Com o vazio que me sobrou
A tudo que ainda falta ser reconhecido.
Entenda,
O vazio é necessário
Para ser preenchido.