De sangue - Deckard Shaw (Livro Dois)

Prólogo

Soltei um grito ao socar aquela parede de vidro.

Meus socos continuaram enquanto eu gritava e eu não parei, mesmo que eu visse o vidro começando a ser manchado com o sangue saindo de minhas mãos. Ninguém parecia me ouvir, afinal eu estava sozinha ali.

Mas eu sabia que estavam me observando. Eu sentia isso.

O vidro nem ao menos pareceu sentir minhas investidas nele e depois de um tempo, eu desisti de tentar quebrá-lo.

Meu corpo escorregou na parede até eu atingir o chão, minhas mãos quentes pelo sangue e a adrenalina. Eu sabia que doeriam mais tarde, mas não estava nem aí. Minhas roupas brancas estavam manchadas de vermelho, principalmente minha barriga, onde minhas mãos estavam pousadas.

Não havia nada ali a meses. Eu tinha dado a luz a um pequeno garotinho de olhos de avelã e lindos fios dourados. Era um pequeno pedacinho meu e de Deckard. Uma parte minha que foi arrancada de meus braços antes que eu tivesse a chance de defendê-lo do mal que nos cercava.

Eu implorei aos berros para mantê-lo vivo, para que pudessem poupar sua vida.

"Ele é só um bebê!" Eu gritava pra eles. "Ele é só um garoto".

Todos os gritos foram em vão. Eu vi o exato momento de sua morte, com apenas poucos minutos de vida. Eu vi o momento em que cortaram seu pescoço e o sangue jorrou de seu pequeno corpo até que ele parou de se mexer e seus gritos estrangulados cessaram.

Naquele dia eu havia jurado que pagariam. Cada um deles, até o último soldado, morreriam aos gritos, assim como meu filho morreu naquela noite.

Um dia eu teria minha vingança.

Ou eu não me chamo Charlotte Toretto.