Acho que vou me vestir de você para o Halloween, que será em pouco menos de duas semanas. Estou empolgada, então já estou preparando a fantasia. Não quero ser um fantasma nem uma gata sexy e idiota. Quero ser alguém que eu realmente admire, e você é um símbolo de coragem para mim.
Halloween é um dos meus feriados favoritos. O Natal e os outros às vezes nos deixam tristes, e há o peso de ter que estar feliz. Mas no Halloween você pode ser o que quiser.
Eu me lembro do primeiro ano em que minha mãe e meu pai nos deixaram sair para pedir doces sozinhas. Eu tinha sete anos, e Sofia tinha acabado de fazer dez. Ela convenceu os dois de que ter chegado aos dois dígitos significava que estava grande o bastante para me acompanhar pelo quarteirão. Fomos a todas as casas, com as asas de fada batendo nas costas, passando por crianças acompanhadas pelos pais. Toda vez que uma porta se abria, Sofia colocava o braço em meus ombros — parecia que ia me proteger para sempre. Quando voltamos para casa, estávamos com o nariz congelado, e nossos sacos, decorados com fantasmas de algodão e bruxas feitas de lenço de papel, estavam repletos de doces. Despejamos tudo na sala para ver o que ganháramos, e minha mãe levou chocolate quente. Eu me lembro direitinho da sensação daquela noite, porque eu tinha me sentido livre e segura ao mesmo tempo.
Acho que neste ano vamos à festa do namorado da Normani, Kasey, que já está na faculdade. Convidei Lauren e espero que ela também vá. O baile foi há uma semana. Não acho que ela queira namorar, por causa do que Louis disse. Tento me lembrar disso. Mas, para dizer a verdade, nunca gostei tanto de alguém. Desde o baile, eu a flagrei me olhando algumas vezes. Eu olho de volta. Ontem, estava pegando algumas coisas no armário e, quando fechei a porta, lá estava ela, do nada. Meu corpo se lembrou imediatamente do beijo. Fiquei um pouco tonta.
— E aí? — ela disse, casualmente, como sempre faz.
— Hum... — Pensei rápido. Tinha que dizer alguma coisa. — O Halloween está chegando.
— Pois é.
— Do que você vai se fantasiar?
Lauren riu.
— Normalmente eu só coloco um lençol branco e distribuo doces para as crianças com minha mãe.
— Bom, nós vamos a uma festa, porque Normani está saindo com um cara. É uma festa de faculdade e, não sei, de repente você podia ir...
— Você vai a uma festa de faculdade? — Ela fez que não gostou.
— Vou.
— Bom, talvez eu vá. Não quero que se meta em confusão — disse Lauren, como se estivesse brincando, mas falando meio sério.
Tentei não rir.
— Te mando o endereço, caso resolva aparecer.
No almoço, quando contei para minhas amigas, que estavam comendo doces de Halloween antes da hora, Normani disse, enquanto mastigava um monte de balas:
— Isso significa que ela quer transar com você.
Dinah deu um esbarrão no ombro dela e falou:
— Normani!
— O quê? Isso não significa que Camila vai transar com ela. Ela é uma boa menina, não dá para notar?
Meu rosto ficou quente de novo.
E então Normani disse:— Vamos dormir lá em casa amanhã, você vem?
Eu estava tão feliz, porque o convite significava que Normani achava que eu "entendia", como tinha dito sobre Dinah. Que agora somos amigas de verdade, o bastante para eu ir à casa dela. Na minha cabeça, já estava elaborando como conseguir autorização para ir. Eu estava com minha tia, e só ia para a casa do meu pai no domingo.
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Cartas de amor aos mortos (Camren) - Ava Dellaira
Teen Fictionuma história adaptada para camren, pode ser que tenha algumas alterações na história, mas Irei manter o mais fiel possível. Prestes a começar o ensino médio, Camila decidiu mudar de escola para se afastar de todos que sabiam o que tinha acontecido...