Querido Jim Morrison,

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-- Esperei na entrada do beco depois da aula, e Lauren apareceu no carro dela. Uma caminhonete Chevrolet. Louis, que estava ali fumando, me deu uma piscadela. Entrei no carro e olhei para Lauren. Me perguntei se ela podia ouvir meu coração batendo forte. Como se as costelas fossem uma jaula e o coração quisesse fugir. Quando ela deu a partida, a música ficou alta. Perguntei o que estava tocando, e Lauren respondeu que era The Doors, e que a música se chamava "Light My Fire".

— Se você ama Kurt, vai amar o Jim Morrison.

E estava certa, realmente amei você.

-- De repente, tínhamos saído do bairro e estávamos na estrada, perto das montanhas, voando. Apoiei a mão na janela e coloquei a cabeça para fora. Senti meu cabelo voando, o ar batendo no rosto e, por um momento, não me preocupei em como agir. Porque eu estava perfeita ali. Tudo estava perfeito. E Lauren era uma motorista perfeita. Nada assustador. Só firme. E rápido. Eu queria que a música durasse para sempre.

--Quando coloquei a cabeça para dentro de novo, Lauren olhou para mim e meio que sorriu.

— Chega mais perto — ela disse.

-- Então fui para o meio do banco, e tudo desacelerou, menos o carro. A música e o motor continuaram. Ela colocou a mão na minha coxa. Bem pra cima. Bem na parte onde a saia acabava. Seus dedos se moveram, muito de leve. Tanto que, se eu olhasse para baixo, provavelmente nem veria o movimento. Mas eu senti, o suficiente para notar que ela sabia o que estava fazendo. Ela já tinha feito aquilo antes.

-- Por um momento, minha mente viajou. Eu me lembrei da sensação daquelas noites com Sofia, quando pensavam que estávamos no cinema. De repente, tentei não deixar Lauren perceber que eu estava respirando mais rápido. Fiquei olhando para a estrada à frente e imaginei que estava no alto, olhando pela janela de um avião. A estrada pareceria um risco atravessando o terreno. A caminhonete de Lauren seria um carro de brinquedo.

— Em que está pensando? — ela perguntou.

— Nada...

— Quer ir a algum lugar?

— Não, eu gosto de andar de carro.

-- E então ela tirou a mão da minha perna, pegou minha mão, e ficamos assim. Lauren pareceu uma âncora na terra. Eu estava de novo no carro com ela, que continuou dirigindo, rápido, mas não mais rápido nem mais devagar. Na velocidade ideal o tempo todo.

 Beijos,Camila.

/TL

Cartas de amor aos mortos (Camren) -  Ava DellairaOnde histórias criam vida. Descubra agora