Capítulo 2

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— Eu acho que não pareço bem, grandão. - Falo esfregando meus pulsos me arrasto até fora da cama. Não deixando de engir em seco ao escutar sua voz.

— Esse sangue não é seu. - Diz indo até o ser desmaiado no chão depois de me analisar o suficiente pra ver que eu estava bem fisicamente.

— Não, é do desgraçado que tentou me estuprar. Você não é humano.- Soo tranquila enquanto o sigo, ele carregava aquele ser nos ombros.

— Você não é daqui? - Confuso ele questiona sem me olhar enquanto desce as escadas.

— Não. O quê ele fez? - Pergunto enquanto andandamos por longos corredores.

— É o dono de muitos negócios ilegais, tráfico humano é um deles. Como veio parar aqui? - Intrigado ele interroga abrindo uma porta, haviam diversos funcionários ali arrumando materiais.

Ele rapidamente fecha a porta novamente e dos seus olhos sai algo vermelho que queima a maçaneta a derretendo, agora estavam presos.

— Vocês, esperem pela polícia.- Diz enquanto seus olhos voltam ao normal e segue pelo corredor carregando aquele ser nos ombros ainda.

— Estava voltando do trabalho quando me desmaiaram, acordei em uma cela com vários outros sequestrados. - Respondo analisando sua nuca, era bonita...

— Vai ficar me seguindo? - Pergunta intrigado, parecia entretido.

— Não sei como sair e você parece um lugar seguro. - Sou sincera dando de ombros.

Ele fica quieto e segue andando, por ainda admirar suas costas e nuca, vejo suas orelhas vermelhas.

— Está tudo bem? - Pergunto olhando pra bunda dele.

— Sim, claro. Você não é humana também.- Diz rápido e seguro.

Engulo em seco, e escuto o vento sussurrando ao redor dele. Ele não era alguém ruim.

— Não sou mesmo. - Receosa o respondo.

— Seu coração parece um tambor, não precisa ficar nervosa. Poucas são as vezes que eu encontro alguém que não é humano e não está com planos maléficos em ação. - Ele diz descontraído e sacode um ombro pra vida e para baixo fazendo o largando balançar, insinuando que sua frequência com "não humanos" é com este tipo de gente.

— De onde você vem? - Intrigada eu pergunto enquanto descia as escadas atrás dele.

— Krypton. E você? - Pergunta casual enquanto quebra a maçaneta de uma porta e quando a mesma abre revelando celas cheias de pessoas, o lance dos seus olhos queima os cadeados.

Já ouvi falar do planeta dele, mas não sei nada relevante.

— Nyasm. - Digo andando e tropeço quase caindo em cima dele quando ele para.

— Chegamos, lá fora tem muitas pessoas. - Diz como se estivesse passando uma informação oculta e eu não entendo.

— E? - Arqueio a sobrancelha tombando a cabeça para o lado.

— Nada...- Ele diz suspirando e abre a porta, a luz chega aos meus olhos e posso sentir sua cor mudando de imediato.

— Superman! - Algumas pessoas gritam alegres e aliviadas, flashes de câmeras bombardeiam o homem frente à mim.

O chamavam de Superman...  Ah, e põe "super" nisso, e...caramba! Muito "man" mesmo, uau... Suspiro de acordo encarando suas costas e bunda quando a capa se move por conta do vento

Havia uma van preta com a porta traseira aberta, o homem joga o lagarto lá dentro e parece começar a dar impulso pra sair mas então para bruscamente e olha pra trás, pra mim.

Faz um tempo que a pequena multidão ali havia começado a me encarar paspalhos e os fotógrafos apenas tiravam diversas fotos.

— Vou te levar pra casa. - Ele diz e não tenho tempo de reagir quando sinto suas mãos tocando minhas costas e atrás atrás meu joelho me erguendo em seus braços, a pressão com que ele sobe aos céus me faz congelar em susto, não grito, estava parada como uma estátua.

No alto ele voa devagar e eu saio do torpor lhe acertado um tapa na testa, irritada.

Escuto e vejo sua risada divertida enquanto me  olha sapeca.

— Sinto muito, achei que poderia escutar um gritinho histérico vindo de você, me enganei. - Diz rindo pra mim e logo olha para frente.

— Aonde você mora? - Olhando para parte da cidade à baixo ele pergunta.

— Rua cinquenta e nove apartamento vinte e cinco.- Digo olhando para baixo também, apenas por reflexo do seu ato.

Ele fica em silêncio olhando com atenção pra um ponto lá em baixo e suspira.

— E se eu dissesse que sua casa pegou fogo? - Perguntou preocupado mordendo o canto do lábio inferior voltando sua atenção pro meu rosto.

— Eu diria que faz sentido. - Respondo suspirando entendendo que era a realidade.

— Por que? - Pergunta interessado.

— Me sequestraram, mas eu estava iniciando em um emprego fixo, provavelmente me procurariam pelo sumiço, eu ter morrido em um incêndio seria uma ótima forma dos sequestradores pouparem esforços em limpar rastros. - Digo suspirando e ele arregala os olhos assentindo.

— Você é inteligente! - Exclama pasmo e eu lhe acerto um tapa na nuca desacreditada.

Ele comprime os lábios contendo a risada enquanto me encara.

— Pra onde irá? - Pergunta procurando uma solução.

— Procurarei pelo meu fotógrafo, ele provavelmente poderá me abrigar por um tempo até eu conseguir outro canto pra morar. - Pensativa respondo esperando que realmente fosse como eu disse.

Silêncio reina enquanto eu olhava pensativa para a cidade à baixo.

— O conhece a quanto tempo? Ele sabe que não é humana? - Pergunta parecendo intrigado.

— Há uma semana. E não, ele não sabe. - Digo sem graça e recebo um olhar de desaprovação.

O homem voa nos levando pra em uma direção desconhecida.

— Pra onde estamos indo? - Pergunto analisando cada ponto  da cidade.

— Pro meu apartamento.- Diz sério e eu arregalo os olhos.

— Mas- Sou interrompida.

— "Mas" nada, você também não conhece o homem qual você quer que te hospede. - Diz e adentramos a janela de um apartamento alto, muito alto.

Superman... - Ah, e põe "super" nisso, e...caramba! Muito "man" mesmo, uau...Onde histórias criam vida. Descubra agora