⁰² - Eros

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Atualmente, 2024

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Atualmente, 2024

Encosto minha cabeça no balcão da cozinha, escutando minha mãe cantarolar uma de suas músicas de infância preferida. O cheiro do café forte faz meu estômago roncar implorando por uma xícara, e eu já posso adivinhar que os pães de queijo estão sendo assados no forno da minha avó, lá no quintal. Hoje eu decidi acordar antes do alarme tocar, e uma das vantagens de estar acordada às sete da manhã na fazenda "Recanto do Sossego" é que eu posso sair para aproveitar o dia sem que depois eu sinta que não consegui fazer tudo que programei há algumas semanas atrás. Afinal, gosto de explorar cada canto desse lugar, todas as vezes é como se fosse a primeira.

- Filha? - Sobressalto na mesa, escutando dona Neide me chamar, com seus dedos fazendo cafuné em meus cabelos da raíz até às pontas. Abaixo a cabeça de novo e ela deposita um beijo demorado em minha cabeça.- Olha meu amor, não acho que você conseguirá ter um dia produtivo com toda essa indisposição que está. O seu avô já saiu para selar o Eros, não acha melhor tomar um banho para ver se melhora?

Devagar vou erguendo a cabeça, minha visão um pouco turva me faz piscar algumas vezes, exibindo uma careta de preguiça que fez minha mãe rir e logo após colocar uma xícara de seu café para mim.

Queria reclamar com quem havia deixado o Senhor Teimoso sair por aí selando cavalos, colocando sua saúde em risco, sendo que ainda deveria estar de repouso por conta da cirurgia recente que havia feito em sua perna esquerda. Porém, não havia ninguém a deixá-lo sair, porque como eu bem conheço aquele homem, sua teimosia vencia qualquer apelo da minha avó para ele permanecer de repouso e eu sempre ficava admirada e emotiva vendo o que ele era capaz de fazer para me ver sorrir.

- Meu avô não deveria sair por aí assim mãe. Porque não me acordou?- Coloquei a xícara na bancada, depois de dar um gole. Minha mãe me olha, se sentando na cadeira do outro lado de frente para mim.

- Ele disse que iria ir buscar algumas laranjas para sua avó fazer um suco para o café da manhã. Mas o Luís disse que o viu no estábulo alguns minutos depois - Quando ele colocava algo na cabeça, era difícil tirar. Mas eu não sou muito diferente, ele sempre faz questão de me falar isso quando nós sentamos no banco velho de madeira na frente do casarão.

- Posso te ajudar no almoço antes de ir ver o Eros - Senti suas mãos envolverem as minhas, alisando meus dedos para cima e para baixo. Minha mãe sempre busca um jeito de tocar as pessoas, de alguma forma, seu toque é acolhedor e me acalma em momentos tempestuosos.

- Não filha, vá aproveitar e quando o almoço estiver pronto, se caso você ainda não estiver voltado, peço para o Luís ir te chamar. - disse, arrumando a mesa minuciosamente com os pratos e copos para o suco.

- Falando no Luís, aquele garoto já está um homenzinho, quinze anos é uma idade e tanto para ele. Lembro tão bem quando ele corria nessa grama e se lambuzava de lama que é até engraçado ver como ela está hoje. - Luiz é neto de uma amiga da minha avó, eles moram em outra fazenda aqui perto, e o menino adora vim aqui desde que se entende por moleque. Nós duas demos algumas risadas, como se lembrar daquilo fosse fofo e nostálgico ao mesmo tempo.

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