Mulher de Fases- Raimundos

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Os corredores da casa esbanjavam silêncio, mas turbilhão de emoções dentro de mim me deixava inquieto, Mia tentava me evitar a todo custo.

Sentamos lado a lado, mas havia uma distância palpável entre nós. Mia, com seu olhar desviado e respostas curtas, parecia tentar criar uma barreira invisível. Toda vez que eu tentava iniciar uma conversa, a atmosfera fria que emanava dela me desencorajava. Não parecia a mesma de ontem, ontem ela parecia querer conversar comigo, já hoje era uma pessoa totalmente diferente.

No entanto, ali estávamos nós, com os livros de literatura abertos diante de nós. A matéria, que com outras pessoas era motivo de discussões animadas e trocas de ideias, para mim era um terreno minado, onde eu tentava, sem sucesso, atrair a atenção de Mia.

-Mason, você pode explicar sobre o Romantismo?-Mia quebrou o silêncio, suas palavras soando mais como uma obrigação do que um pedido genuíno de conhecimento.

Respirei fundo, tentando mascarar as dúvidas que se infiltravam em mim.

-Claro, Romantismo foi um movimento cultural que floresceu no século XIX. Os artistas românticos buscavam expressar emoções profundas, muitas vezes explorando a natureza e os sentimentos humanos.- digo orgulhoso da minha resposta, até que eu não estava tão distraído enquanto ela me explicava isso.

Mia assentiu, mas seu olhar permanecia fixo no livro, como se estivesse perdida em pensamentos distantes. Percebi que minha tentativa de transmitir entusiasmo pela literatura não estava tendo o efeito desejado. Ela estava ali fisicamente, mas emocionalmente parecia distante.

Enquanto explicava os princípios do Romantismo, senti a necessidade de perguntar.

-Mia, podemos conversar sobre o que está acontecendo? Parece que você está evitando... bem, evitando não, ignorando.

Ela hesitou por um momento, seus olhos finalmente encontrando os meus.

-May, eu já te falei, essa amizade não vai funcionar, eu só estou fazendo isso pelo Marcelo e pela Nona- ela finalmente me olha, seus olhos escuros carregavam mais tristeza que o normal- não posso deixar você arruinar sua vida tentando deixar a minha um pouco melhor.

Aquelas palavras foram como um soco no estômago.

-No entanto, ainda precisamos estudar juntos- continuou Mia, sua voz carregando um tom de arrependimento.

Concordei, embora a sensação de desconforto pairasse entre nós como uma nuvem escura. Retomamos nossa discussão sobre o Romantismo, mas agora, cada palavra que saía da minha boca parecia ser absorvida pelo silêncio ensurdecedor do quarto

À medida que explicava sobre os escritores românticos, percebia que Mia estava lá fisicamente, mas sua mente estava em outro lugar.

Ao final da explicação, Mia  se levantou para sair do quarto. Eu sabia que não podia forçar uma conversa mais profunda naquele momento, então a observei partir com um nó na garganta.

Os dias seguintes foram marcados por um silêncio constrangedor. Nossas interações eram limitadas a trocas de palavras sobre estudos. O meu quarto tornou-se um vazio pesado.

Cada vez que olhava para Mia, eu me perguntava o que havia acontecido para que ela se afastasse tão repentinamente, não podia ser só por causa daqueles babacas da escola, Mia estava escondendo algo a mais, algo muito maior que isso.

A noite decido ir visitar Ravena, ela parecia solitária como sempre, me sento no chão ao seu lado e ela não parecia entender nada

- Ravena bem que você podia me dar uns conselhos ein garota? O que acha? A Mia não quer nem olhar pra mim- falo chateado e ela me olha sério- Não  me olha assim! Eu não sei o porquê quero tanto a atenção dela, tipo, é como se eu precisasse disso pra me sentir melhor nessa cidade, entende?- a égua continuava me olhando- olha só quando você vier me pedir conselho pra algum cavalo eu vou te julgar da mesma forma-  rio comigo mesmo- desculpa eu não tenho com quem conversar sobre isso... todo mundo vai dizer que eu estou apaixonado, ou algo do tipo, e eu não estou....estou?

Um Amor, Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora